Não se conserta o que já nasce com defeito.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Uma vez eu disse que a saudade é como um soco no estômago, mas acho que me enganei. Não, isso é vontade de fazer xixi em uma fila de banco. Saudade é outra coisa, é maior que isso. Saudade talvez seja um soco na bexiga cheia, quando você ta pronto pra ir ao banheiro. É, talvez seja basicamente (e genericamente) isso.
"Saudade, hoje eu posso dizer o que é dor de verdade..."

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Não é pra você.

Eu não paro de pensar no jeito como você dá um murrinho leve no meu queixo e como me olha de cantinho de olho quando mordo sua língua. Não paro de pensar no quanto eu sinto sua falta, e no quanto eu te odeio por me fazer senti-la.
Eu queria poder (e saber) escrever sobre você da melhor forma. Sei lá, o quanto é bonito, seguro, inteligente... Mas não consigo. Seus defeitos e olhares gritam pra mim, e eu os escuto como se fossem uma canção do Chico Buarque. Me irritar é o que você faz de melhor, e eu meio que adoro isso.
Você diz que e exagero, que eu tenho que respirar e me acalmar. Eu te digo que nada é assim do jeito que você ta dizendo, mas eu sei que é. Eu sei que ter calma é o melhor a se fazer, mas eu não consigo. Ok?
Não consigo dizer tudo de bom que você tem a oferecer, mas eu adoro tudo de ruim. A-DO-RO.

domingo, 16 de dezembro de 2012


Naquele dia eu me encontrei com a morte, diferente do que todos pensam, ela é uma mulher sedutora. Estava com um vestido de cetim preto, que caia perfeitamente sobre as suas curvas. Ela me chamava e fazia com que seguisse seus passos e eu queria recuar, mas não conseguia. Ela sorriu pra mim, e acho que eu me apaixonei pela morte.
Inicialmente achei que fosse apenas uma ilusão, que essa ideia de que ela era a morte fosse apenas coisa da minha cabeça. Ela era apenas uma mulher sedutora, gostando de saber que consegue fazer com que um homem caia aos seus pés com apenas um sorriso, mas eu não conseguia acreditar nisso. Sua pele branca, cabelo preto e um batom vermelho faziam com que eu sentisse uma atração inexplicável por ela. E ela sorria pra mim.
Eu a segui por algum tempo, depois percebi o quanto eu estava me sentindo ridículo e juvenil. Parei, olhei para trás pra ver se havia alguém olhando e desviei o caminho. Parei de segui-la. Ela instantaneamente apareceu no outro caminho, mas não foi como num passe de mágica, era como se ela tivesse em todos os lugares escondidos e quando eu olhasse ela ia saindo do escuro. Os raios de sol batiam em sua pele branca e pareciam se fundir de algum modo. Ela parecia brilhar!
Decidi olhar para meus pés, assim não poderia vê-la. E ela falou comigo! Imagine, caro leitor, como eu fiquei quando ela me disse que eu deveria olhar pra frente. Eu nem conseguia pensar no que ela estava me falando, mas eu estava achando fantástico. Olhei pra frente e fui direto para casa, que já estava bem perto. Ela entrou comigo, e se acomodou no sofá cruzando as belas pernas brancas. Perguntei-me algumas vezes o que ela fazia ali, comigo. E ela apenas sorria.
- Eu só estou te fazendo companhia, você anda tão sozinho.
- Mas ninguém quer ter a morte andando ao seu lado.
- Me considere sua vida, então.
Eu sorri. Sorri porque eu achava fantástico o fato dela estar sendo engraçada e aconchegante. Nunca imaginei a morte tão aconchegante assim.
- Então é assim que a gente morre?
- Assim? Assim como?
- Tendo uma conversa amigável com a morte?
- Não, você não está morrendo. Só acho que você é sozinho demais, e que merece ouvir algumas histórias engraçadas.
- Engraçadas? É isso que você faz? Conta histórias?
- Só pra você.
Eu não conseguia entender, algo rodava dentro da minha cabeça. Eu estava escutando um zumbido muito alto, que me deixava tonto e com náuseas. Senti que ela havia mentido pra mim, que eu estava morrendo. Lembro-me de quando ela se levantou, me olhou nos olhos, sorriu e me beijou. Um beijo ácido, cortante, amargo, doce, refrescante. Senti minha vida saindo pelas pontas dos meus dedos, e senti meus lábios dormentes. A morte mentiu pra mim.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Um doce!

"Tava calor! Pode crer, eu me lembro."
Estava amanhecendo e ele não me olhou a festa inteira, eu nem sentia meus dedos mais. Não sei o quanto eu bebi, nem sei se ele bebeu. A música era boa, mas não sei que ritmo era. Acho que ele dançava, enquanto ria com os amigos e cantava algumas partes. Eu o olhava fixamente, e ele me ignorava.
"Nomes são o de menos."
Eu olhei pra o lado e procurei meu copo, ele me abordou. Ele sabia que eu o estava olhando, e agora estava falando comigo. Um piercing no septo, um em cada mamilo e, enquanto ele falava, eu percebi um na língua. Ele sorria muito, e falava calmamente, mas vários assuntos. Ele me perguntou se eu tava curtindo, eu só disse sim, e ele ficou esperando mais alguma coisa na resposta. Ele não me disse o nome dele, nem quis saber o meu.
"Seu gosto era doce."
Na verdade, eu nem lembro muito como tudo ocorreu. Só lembro dele me beijando, sua mão deslizando pela minha nuca, fazendo arrepiar algumas partes do corpo. Entre alguns beijos ele sorria, e brilhava como o sol. Ou eu é que tava brilhando? Não sei ao certo, mas ele estava lindo.
Lembro apenas disso. Não sei como cheguei em casa nem a hora que eu cheguei. Mas ele fez parte de mim como ninguém nunca fez. Ele tinha um gosto doce na boca e no pescoço. Não sei como encontrá-lo, nem com quem ele anda, nem onde mora. Nem sei seu nome. Se eu encontrá-lo na rua, nem saberei que foi ele. Mas ele era doce.

domingo, 25 de novembro de 2012

Retrovisor

Ir embora, fugir dos problemas, fingir que não é comigo, sempre foi o melhor que eu consegui fazer. Olhar pra trás é complicado, eu sei, mas eu tento fixar meu olhar apenas na estrada que estou percorrendo. Sinto, as vezes, algumas lágrimas rolarem pelas bochechas até chegarem no queixo, e então, cair e encontrar minha calça surrada, ou o vento interromper seu caminho e ela bater no banco ao lado, ou apenas secar.
Sempre foi fácil fugir dos problemas e das pessoas, eu nunca me importei. Mas com você foi diferente, eu pensei duas vezes antes de te deixar pra trás. Eu estou indo embora, não quero que venha atrás de mim, nem que sofra porque eu fui, quero apenas que siga o seu caminho, eu estou seguindo o meu. Estou olhando fixo pra estrada, nem sei por onde estou passando agora, mas estou indo. Estou partindo, não sem dor, apenas vou.
Vacilo um olhar para o lado, uma paisagem qualquer que não me interessou muito, o retrovisor, você. Você estava atrás de mim, você me seguia, você sorria. Eu não sei como estava atrás de mim, como estava chegando cada vez mais perto.
Uma estrada, meu carro, eu. Um retrovisor, uma paisagem, você. Uma cena perfeita com uma curva qualquer.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Amanhã eu vou sentir falta do seu olhar de reprovação, do brilho dos seus olhos quando me conta algo e olha pra o horizonte. Ou seu sorriso sacana quando eu desvio um "olho no olho". Vou sentir falta de quando você sorri no meio de um silêncio qualquer, quando não quer me contar o que se passa na sua cabeça e o fato de me sentir incapaz de te entender. Vou sentir falta dos problemas, das soluções, dos sorrisos. Sei lá, vou sentir falta de tudo. Do bom, do ruim, do indiferente. Você, mesmo sem querer, é parte de mim.

domingo, 11 de novembro de 2012

sábado, 10 de novembro de 2012

Apenas mais um

Já tem alguns dias que eu não consigo dormir, talvez pela saudade que eu sinto de você, talvez pelo medo dos pesadelos, ou por apenas não sentir sono. Sono... Realmente não sei como é senti-lo, passei algumas semanas dormindo por apenas cansaço, cansaço mental, corporal. Não sei o que me leva a estar tão cansada, tão inútil a mim e a todos. Eu tento não lembrar do que eu sinto, mas fica difícil.
O teto é a melhor das pinturas, das telas. O vazio do branco que paira acima da minha cabeça me encanta! Passo horas olhando, admirando e é assim que eu consigo dormir, e é assim que eu fico acordada algumas noites. Apenas o branco limpo me encanta, nada mais. Prefiro ficar assim pra sempre, enquanto eu puder eu quero ficar assim. E é assim que acaba e começa meu dia, no nada, no branco, no infinito dos pensamentos.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Encontro

No meu normal, eu presto atenção onde ninguém vê. E lá estava ele, olhando pra o celular. Um boné de um candidato a deputado qualquer, rugas profundas de expressão, uma garrafa de cerveja, um copo e a solidão. Ele guardou o celular, coçou a cabeça, ajeitou a camisa, deu um gole na cerveja e olhou ao redor. Se arrumou na cadeira, ajeitou o boné, sorriu para o copo e pegou o celular. Olhou para o celular, o sorriso se desfez do seu rosto. Ele chamou o garçom, pediu a conta, deu um ultimo gole e foi embora. Foi embora com a cerveja ainda pela metade, foi embora porque (talvez) a pessoa que ele esperava não apareceu. Penso em uma série de motivos para que ela não tivesse aparecido. Talvez tenha acontecido alguma coisa, ou ela não quis ir, ou apenas chegou um pouco depois que ele foi embora. Ou nada disso aconteceu realmente desse jeito.

domingo, 28 de outubro de 2012

Tortura

Me ligou de madrugada querendo me ver, não reparou em horas, nem em pudores. Me chamou pra olhar o mar. Ah! Como o mar estava lindo. A luz da lua batia em seu rosto, em seu sorriso, clareava sua expressão de bêbado.
Me perguntou minha idade, conversou sobre como era quando ele tinha minha idade. Me disse que ele sabia guardar segredo, me perguntou se eu sabia também, mas só porque ele era inconsequente. Aí eu entendi o que ele queria de mim, o que ele esperava que acontecesse. Conversamos por algumas horas, e quando já era lá pras 3 da manhã eu disse que precisava ir pra casa. Ele fingiu que nem me ouviu.
- Vamos jogar? - Ele me disse, como quem tivesse tido uma ideia perfeita após um fracasso.
- Jogar o que? Eu preciso ir agora.
- Tortura! Esse é o nome do jogo, as regras só sabe jogando. Se eu te contar sem você jogar, eu terei que matar-lhe.
Confesso que era bem atrativo, mas eu não podia. Não podia jogar qualquer tipo de jogo com ele, qualquer coisa que envolvesse nós dois era proibida. Mas era isso que atraia, era o 'NÃO PODE' que me deixava com vontade de saber, que me deixava curiosa. Ele beijou meu pescoço, e havia começado o jogo.
Eu não podia falar, não podia mover-me. Esse era o jogo. E ele esperava reações, ele esperava que eu quisesse também, mas eu não conseguia, não conseguia querer.
Acabei o tal do jogo, não queria mais jogar. E fui pra casa. Se me arrependi? Até hoje me arrependo; do que? De não ter o beijado quando eu pude, e agora já é tarde demais pra pensar nisso. Agora não tem como voltar atrás.

Felicidade

Jujuba tem cheiro de infância. Algodão doce também tem. Jogar bola descalço, tomar banho de chuva, deitar-se na areia da praia e rir de bobagem. Giz de cera tem cheiro de infância. E Comitê Revolucionário Ultra Jovem não tem cheiro de infância, mas também lembra.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Sorriso para idiotas

A tal das "críticas" me fizeram evoluir. Talvez você me critique por isso, mas eu não me importo, se eu me importasse você não seria quem você é. Bem, o que eu sinto por você é o mesmo que sentimos quando sentimos cheiro de vômito, nojo! Essa é a palavra, nojo.
Está claro que, no fundo, eu me importo com você... Mas é, a gente sempre se importa quando tem alguma merda no caminho em que passamos. Você me parece desperdício de esperma, de pele. Não chega a ser um desperdício de cérebro, afinal, ter um desse é melhor nem ter. Mas olha, eu vou continuar sorrindo e sendo simpática com você, mas só porque eu sou boazinha. Ok?

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Despedida

Tento me encontrar, mas tenho medo do que eu sou, de quem eu sou. Não sou o que eu era a dez anos atras, e essa mudança começa a me assustar quando eu percebo que faço as coisas com um sorriso sardônico. Uso a ironia e o sarcasmo na maioria das minhas falas, e sinto nojo da maioria das pessoas com seus sorrisos felizes e jeito de piscar os olhos. É, é meio doentio e estranho, eu sei.
Eu sou sádica, sabia? Pois é, eu sou. Mas é um segredo só nosso. Agora feche os olhos, acho que vai começar a fazer efeito logo, logo. Boa sorte na viagem, e lembre-se que eu nunca te amei.

domingo, 21 de outubro de 2012

Autodefesa

Eu poderia ter voltado atras, poderia ter te beijado, poderia ter demonstrado o que eu sinto, mas não. Hoje não. Não quero ter que passar por tudo de novo, ter que pensar em como não me sentir ligada a você, não quero ter a duvida se no final de tudo ainda terá amizade, ou será apenas isso. Não mais.
Acho melhor ficar como está, como deveria sempre estar. É melhor continuarmos como "amigos" do que nos apaixonar de novo.
Você disse que queria me esquecer, eu to te esquecendo. Faça sua parte agora. Só por hoje, pode ser?

terça-feira, 16 de outubro de 2012

A volta pra casa

Engraçado, somos impulsionados, muitas vezes, pelo desejo sexual. Acabamos nos interessando por uma pessoa quando nos sentimos sexualmente atraídos por ela. Mas com você foi diferente, mesmo com a afânise eu me senti interessada por você. E depois de algum tempo de amizade, existiu essa atração, essa vontade.
Na volta pra casa fiquei lembrando toda a tarde que passamos juntos, nossos sorrisos, brincadeiras e besteiras. Atração, na verdade, deve ser isso. Deve ser o contrário do que estamos acostumados a sentir, a classificar.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Lágrimas no escuro

Ele me olhava como se não me conhecesse mais, como se tudo tivesse mudado da noite pra o dia. Ele sentia nojo de mim, enquanto eu sorria. Apenas sorria. Nessas horas não é bom demonstrar que fomos apunhalados, não é bom demonstrar sofrimento.
Ele foi embora, me deixou sozinha. Eu chorei! Apenas chorei. Sei que chorar não era o certo, o digno. Mas eu não conseguia parar, não conseguia fingir que nada aconteceu. Eu queria deixar tudo pra trás, mas não conseguia.
E ele achava que eu não me importava, mas ele é que não se importava. Fui contra princípios pra te fazer feliz, e olha só pra mim. Olha bem pra mim.

domingo, 30 de setembro de 2012

Ressaca Moral

Preciso falar alguma coisa? A tal RESSACA MORAL!
Supero tudo: sede, dor de cabeça, cansaço... Mas ressaca moral não, isso não tem como. Só faço besteira bêbada, vem arrependimento. Complicado isso.

"Geralmente a ressaca moral, caracterizada pela dor psicológica de saber que você fez uma bobagem colossal..."
Eduardo Vieira da Costa, editor de esportes da Folha Online.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Sentidos

"Então fica assim" ele disse. E então abraçou-a, como se nada mais pudesse existir. Manteve seu abraço apertado, não se sabe o tempo, ele não pôde calcular, ela também não. Beijou sua testa, como um pai beija a filha, ela percebeu o respeito, percebeu o pequeno gesto que fazia com que ela se sentisse segura. Ele não queria ir embora, ela queria que ele ficasse. Nesse momento se passa algumas coisas na cabeça deles, mas eles não se concentram nisso.
"Vamos continuar assim" ela disse. E então ele entendeu que tudo que ela precisava era ele, e ela sabia que ele tinha entendido. E eles ficaram assim, continuaram assim. Não sei ao certo o que 'assim' quer dizer, mas eles também não. Basta apenas que 'assim' faça bem aos dois, como está fazendo agora.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Desfocando

Eu sempre preferi os roqueiros, tatuados e alguns outros tipos de cara, mas nenhum deles incluíam um estilo como o seu. Seus dreads, seu rosto, seu jeito de se vestir...
Sabe, eu sempre te achei um cara interessante. Me aproximei da maneira errada, eu sei, mas acho que não precisávamos lembrar disso. Houve um novo começo, uma reapresentação, então queria que você focasse em mim agora. Queria que me olhasse, que se interessasse, mas você nem liga. Me ignora.
Estou mudando de ideia, estou parando de te olhar. E você nem vai notar.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Só pra você

Saudade de como você falava, do seu cheiro, da sua voz, do seu jeitinho de falar e de sorrir. Saudade das coisas que me dizia, como dizia e porque dizia. Saudade de tudo, saudade de você. Saudade de como nos adorávamos, como sorríamos juntos. Saudade até parece doença, dói um pouco e me deixa sem dormir. Saudade é como um soco no estômago, uma infecção urinária ou como quando você bate o dedo mindinho na quina do sofá. É, o tempo não volta, o relógio não anda pra trás (infelizmente).
Mas hoje, só hoje, eu quero sofrer um pouquinho com isso. Eu quero sentir saudade! A saudade é a unica coisa que nos aproxima, que nos une de algum modo.
Saudade...

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Autocrítica

Caminhar contra o vento é chato, é complicado. Ir de encontro a tudo que sempre fiz, que sempre disse que era certo, machuca. Sem perceber fui deixando pra trás princípios, atitudes que eu deveria ainda trazer comigo. Sem perceber eu fui mudando, fui me transformando no que eu sou, em partes não ligo, mas no fundo até me arrependo.
Morreu um pouco de mim pra nascer o que agora existe e, sinceramente, odeio não ter ficado de luto. Odeio ter esquecido e ter seguido em frente sem pena, sem dor. Odeio ter deixado morrer o que era tão importante. Por consequência, odeio metade do que sou.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Fingindo

Poderíamos ser apenas desconhecidos, que apenas se olharam, se gostaram, mas nunca se tocaram. Teríamos uma historia de amor perfeita, sem sofrimento, sem decepção e sem partida. Seríamos apenas imaginação, só pensamentos de como poderia ter sido aquilo que queríamos.
Imagino isso as vezes, imagino como se nada tivesse acontecido. Só para sermos desconhecidos e relembrar o primeiro olhar, o primeiro sorriso, mas não o primeiro toque. Porque aí eu me apaixonaria por você de novo, e aí começaríamos a fazer tudo que não poderíamos. Sofrendo um pouquinho a cada imaginação cortada, só para não sofrer por completo. Te esquecendo a cada pouquinho de nós que eu deixo de lembrar.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A arte

Um dia um hippie (sábio) viu uma camisa que eu estava vestida e que eu tinha pintado. Ficou conversando comigo e me disse que era pra continuar pintando, porque talvez eu não precise da arte, mas a arte precisa de mim. Na hora achei até estranho ele me falar algo assim, acabei esquecendo, deixando pra lá.
Hoje eu vejo que eu preciso da arte! Preciso para me sentir completa. Quando dizem que a arte liberta, estão cobertos de razão. Não me imagino sem a arte, não vivo sem ela e espero que ela também precise de mim.

sábado, 15 de setembro de 2012

Uma teoria qualquer

Acho que, no fundo, eu sou sentimental. Mesmo quando permaneço séria e calada, por dentro meu coração permanece em constante alegria, ou apenas chora. Eu nem tento não demonstrar sentimentos, já virou costume, hábito. Acabei deixando de lado o que eu era, e apenas fazendo o necessário pra ficar imune a todas as pessoas.
Alguns me acham anti-social, outros insuportável, outros ainda me acham intelectual, mas por fora eu sou o que sobrou de sentimentos estraçalhados. Por dentro, eu sou um camponês que vive pulando e cantando por aí.
Gosto de ser assim, gosto de não demonstrar o que eu sinto. Não tente me mudar, eu sou assim por sua culpa, por culpa de todos ao redor... Humanos são complexos, não acha?

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Uma carta

Sabe, eu tentei algumas vezes falar o que eu sentia, mas o mundo parecia não me escutar, mesmo quando eu estava gritando. Todos percebiam meu lado meio depressivo, meu estado de solidão constante. Sempre me disseram que eu era meio sádica, mas acho que eu sou mesmo é masoquista. Eu acho que gosto de sofrer um pouquinho.
A decisão que eu tomei não foi fácil, não quis nem pensar duas vezes. Sempre me perguntei se suicídio era coragem ou covardia, mas agora eu acho que não chega a isso, não se diferencia entre coragem ou covardia, agora eu não tenho mais opção.
Espero que vocês não vão até lá reconhecer meu corpo, espero mesmo. Não vou estar tão bonita quanto agora, quero que lembre-se de mim como eu era, não como eu vou estar. Fugir de casa seria loucura, haveria sempre a esperança de que eu voltasse, mas eu não quero voltar, nem pretendo.
É, eu acho que agora a morte é a única salvação. É uma escolha minha, é tudo que eu mereço. Acredite.
Com amor, Lucy.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Eu gritava que não queria, chorava e gritava que você só me fez mal, me fez coisas boas, e coisas muito ruins. Gritava que não te queria mais, que era tudo passado, que eu não ligo mais pra você. Que acabou! Simplesmente acabou!
Não sei se estou gritando pra te convencer disso, ou convencer a mim. Mas se você for embora será mais fácil me convencer que nada daria certo.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Detalhe

Gosto do modo inacabado de construções abandonadas, de ruas vazias, de ventos frios no meio da noite. Gosto de como as pessoas riem quando estão entre amigos, aquele risinho idiota que fazem todos ao redor rir também.
Gosto principalmente de crianças brincando, já reparou na inocência de uma criança? Eles fazem brincadeiras idiotas e acham tudo muito engraçado. O bom humor, em geral, me atrai. Gosto disso.
Gosto de jogos idiotas e de pessoas mais idiotas ainda, gosto de reviver o passado.
Confesso que não gosto de escrever, mas gosto que as pessoas leiam. É meio controverso, mas é real.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Baleias flutuantes

Tudo passava pela minha cabeça agora, pessoas, lugares, objetos, plantas, nomes, cores, carros, ruas, placas... Tudo passando na minha mente com o fundo da pétala branca de uma rosa vermelha.
Os carros plantados em nuvens brancas da cor de terra molhada depois de um dia de sol. O arco-íris numa noite com peixes voando em pleno céu azul. Olha só! Um cavalo-marinho!
Todas as cores dos sons que eu criei no meu ventilador da tevê. Tudo isso me lembra momentos que não vivi, aqueles em que eu estava presente no modo invisível. Momentos bons em que todos me viam e falavam comigo.
Ah, as cores da terra molhada nos galhos das árvores.

domingo, 2 de setembro de 2012

Hábito

Eu treinei algumas vezes na frente do espelho, mas agora não sei como te dizer. Te vendo, assim tão perto, as palavras não conseguem seguir o rumo que deveriam. Nossa conversa não consegue seguir o rumo que eu havia determinado anteriormente.
Queria conseguir te dizer que não quero mais, que não sou a mesma pessoa, que nós não somos o que éramos a quatro meses atrás. Que não adianta estarmos juntos se isso nem nos faz feliz, nos acostumamos a ficar juntos, nem é mais por prazer de estar contigo. Anteriormente eu achei que não saber o que fazer se te perdesse era amor, mas não, eu estou acostumada a estar com você, só. Queria conseguir te dizer que nem penso mais em nós dois, que cansei desse jogo que eu nem queria entrar. Queria te dizer que eu quero me livrar disso, te livrar disso. Que tudo isso não faz sentido, não deve ser assim.
Mas não consigo. Não consigo te olhar e dizer tudo isso, mesmo sofrendo eu não consigo ser sincera. Isso é amor?

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Vênus

Amar!
Amar sem querer casar, sem apresentar pra mãe. Ama porque o cara faz teus pêlos se arrepiarem, porque ele te trás um calor, te amolece por dentro.
Amar!
Amar sem querer dar o primeiro abraço no ano novo, sem querer dormir de conchinha todas as noites. Amar porque o cara é forte, alto, moreno e bonito. Ou amar porque o cara é fofo e te deixa pensando a noite inteira nele. Amar porque ele te xinga, mas quando ele vai embora é só nele que você pensa e sorri.
Amar!
Amar por amar. Apenas amar. Amar sem motivos para amar.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Narciso

Se é preciso ter amado pra escrever, eu nunca escreverei um paragrafo. Mas se falarmos de amor próprio, aí meu bem, eu escreverei um best seller. Uma coleção de, no mínimo, 20 livros. Não sou egoísta, eu apenas me amo.
Egoísmo seria se eu te narrasse um falso amor, contasse uma mentira ou outra baixinho no seu ouvido. Dissesse 'eu te amo' depois de uma briga ou insinuasse tal coisa. Mas não, sou sincera! Eu me amo, eu me amo, eu me amo. Sem ter dúvidas, sem sofrimento, sem lágrimas e sem você.
Eu me amo, porque me amo. Nunca encontrei alguém que me amasse tanto quanto eu amo a mim mesma. E isso é o que me faz te amar, é me amar. É saber que eu estou bem melhor quando estou contigo, estou feliz. E quando você vai embora, eu lembro-me que eu me amo. Repito várias vezes na frente do espelho, só pra te receber com um sorriso que nunca foi embora.
Eu me amo, eu me amo, eu me amo, eu me amo, eu te amo!

terça-feira, 28 de agosto de 2012

De corpo e alma

Essa é a incrível (e infeliz) diferença entre nós dois, você é corpo e eu sou alma.
Você é desejo e eu sou sentimento. Você é sexo e eu sou amor. Você é pecado e eu sou salvação. Você é proibido e eu sou aconselhável. Você é fogo e eu sou água. Você é terra e eu levitação.
Você é tudo que eu preciso pra fazer sentido, e eu sou tudo que te apaga de algum modo.
É fácil fazer coisas por quem amamos, é fácil mudar para sermos melhor pra quem amamos. Difícil mesmo é mudar pra você, difícil é mudar por mudar, sem esperar algo de alguém, sem esperar um parabéns no final do dia.
Mudar! Mudar porque você merece mudar. Porque hoje ta bom, mas amanhã pode ser infinitamente melhor. É só mudar por você, pra você.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Déjà vu

Cheguei em casa mais bêbada do que era planejado, com minha camisa do Nirvana, calça jeans rasgada e all star vermelho. Olhei para o meu quarto como se fosse um local desconhecido, mas não lembro minha reação. Lembro apenas da cama a minha frente e de ter me deitado nela, deitar seria "tímido" demais para o que aconteceu realmente, ainda havia uma garrafa em minha mão.
Lembrei do que eu tinha feito enquanto estava na rua, chorei e me arrependi. Me arrependi de ter te ligado, de ter chorado, de ter pedido um abraço, de dizer que ainda te amava. Me arrependi de ter beijado um putão de uma esquina qualquer, de ter tentado trazer você pra perto de mim e só te mantendo mais longe.
Mas, agora, eu vou deixar tudo pra trás. Essa noite, essa bebida, tudo. Te deixar pra trás só por hoje. E aí sim, a vida vai trazer outra pessoa que mudará todo o meu futuro. Como você fez da ultima vez.

domingo, 26 de agosto de 2012

Já subi no trem

Tudo que a gente passou por apenas um dia ficou pra trás, eu não quero voltar. Você conseguiu quebrar o escudo que eu usava para não me apaixonar, e eu não quero mais que você volte. Não quero ter a certeza que eu gosto de verdade de você, prefiro ir agora e sofrer só um pouquinho.
Prefiro que você não me ligue, nem fale comigo quando me ver na rua, não mande mensagens e esqueça que eu existo. Eu vou sofrer, com toda a certeza. Mas eu prefiro sofrer agora do que te pedir pra não ir embora. Prefiro abrir a porta e sair, não quero ver você indo embora; prefiro chorar sozinha no meu quarto, é melhor que chorar no ombro de alguma amiga, que vai me chamar de infantil por ter me apaixonado por você.
Só por hoje eu quero que me deixe, me escute agora antes que eu mude de ideia. Antes que eu desista de ir embora, antes que eu te abrace e fale que foi tudo uma grande idiotice. Eu preciso ir.

sábado, 25 de agosto de 2012

Bad

Às vezes eu preciso que alguém me ligue. Ligue apenas pra perguntar como foi o meu dia, ou pra conversar como foi o dia dessa pessoa. Me ligue só pra dizer: Ah! Liguei por ligar. Por mais que eu tente me esconder, me manter longe de algumas pessoas, eu, às vezes, preciso de atenção.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Me deixe, agora. Eu preciso ver o sol brilhando, preciso ver o que me espera lá fora, sem você. Tire as mãos de mim; deixe meu coração bater sozinho, solte as unhas que prendem você a mim. Nós precisamos ficar sozinhos para evoluirmos, para um dia (quem sabe) podermos ficar juntos. É preciso dar adeus ao passado, para que ele comece a fazer sentido, para que ele não nos machuque mais.
Eu ainda te quero ao meu lado, mas não assim. Não vou ficar esperando enquanto você só quer curtir, não vou ficar sentada olhando você dançar com todas as outras garotas, vendo você falar no ouvido delas e olhar pra mim, como se quisesse que eu sentisse ciúme. Eu senti ciúme, várias vezes, mas bastava sorrir pra você perder o interesse nela. Aprendi a jogar sujo também, aprendi a fingir, a mentir, a controlar meus impulsos, só pra você entender que eu ainda queria você. Mas não agora.
Eu preciso ver o mundo sem que você me coloque óculos, preciso sentir sem que você me coloque luvas, preciso viver um pouco sem você pra saber o que eu ainda não vi, o que ainda não senti.
Eu ainda te quero, mas não agora. Agora eu preciso te deixar, preciso dar adeus. Preciso e quero.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Aquele

Lembro de você pelas coisas que, as vezes, nem fazem sentido pra mim. Lembro de você andando pela casa de cueca boxe preta e de como suas tatuagens pareciam dançar em seu corpo enquanto você se movia. Lembro das brincadeiras, e de como você mexia a barriga quando eu passava a mão. De quando você sentia cócegas e ria como uma criança, e eu ficava só te olhando pensando como eu posso te amar tanto. É possível amar quem você não confia? Acho que sim. Mas não amar pra casar, não amar pra sempre, amar. Simplesmente amar.
Lembro do sorriso entre uns olhares e outros, lembro de como você fala enquanto eu beijo seu pescoço. Lembro de nós dois abraçadinhos quando estávamos juntos, lembro da cara que você faz antes de chega lá, sabe? Lembro do jeito que você me oferecia comida de 5 em 5 minutos, e de como você bebia água. Lembro de como segurava o cigarro, e de como conversava comigo na varanda.
Lembro mais das suas ações que das minhas. Lembro mais do seu sorriso que do meu. E sei que vou lembrar sempre, mesmo depois que você for embora, mesmo que eu saiba que você nunca mais vai voltar. Eu vou continua lembrando e sorrindo.
Você não é ELE, mas é AQUELE!

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Pílula

Nesse dia eu decidi fazer as coisas um pouco diferentes. Acordei um pouco mais cedo, demorei um pouco mais no banho, escovei os dentes depois de pentear o cabelo, vesti a roupa só depois que comi. Pronto, mudei a ordem, a duração, tudo!
Nesse dia decidi que não ia trabalhar, não ia atender ligações, não ia ligar a tevê e, acima de tudo, não ia acessar a internet. Tudo muito difícil pra mim, já que passava horas na frente de um computador, ou de uma televisão. Peguei no telefone apenas para mandar o meu chefe ir se foder, junto da secretária gostosa que ele transa todas as terças. Liguei pra o meu (agora) ex-namorado o mandei tomar no cu, porque ele é um completo inútil e estava me traindo, pelo menos, duas vezes na semana. Uma traição ou outra eu até aceito, mas duas vezes na semana é demais.
Pronto, estava livre de regras, emprego e namorado. Poderia ir até a praia e paquerar o primeiro que eu quisesse, ou virar modelo, ou até virar atriz! Fui até a praia, conheci gente nova, mergulhei com roupa e tudo, fumei um baseado e me contaram de uma rave que ia ter no final do dia e que só ia acabar no domingo (era sexta, ok?). Aceitei todas as propostas, tudo que me ofereciam eu estava aceitando. Mesmo que os horários fossem os mesmos, eu ia escolher um compromisso de ultima hora e pronto! Lá vou eu pra mais uma rave.
Passei o dia nessa, conhecendo pessoas, mandando beijos para homens dentro de ônibus, mostrando a bunda para idiotas na praia e mostrando os peitos para caras que passavam de moto. Se mamãe me visse agora, diria que enlouqueci. E acho que enlouqueci mesmo!
Quando cheguei na rave, já tinha muita gente fritando, dançando, se beijando ou apenas deitado, olhando o céu. Me ofereceram a tal PÍLULA DO AMOR, achei fantástico como me apresentaram uma droga que eu já conhecia, mas só pelo modo de apresentação eu aceitei.
A sensação já era conhecida, mas quando tomei senti meu corpo flutuar. Isso inflou meu ego, eu estava melhor que sempre, estava leve. Estava muito bem, obrigada. Pra quem não conhece a tal pílula do amor, é popularmente conhecida como ECSTASY! Nossa, a melhor droga manipulada do mundo.
Passei o fim de semana nessa rave, tomando ecstasy, cheirando cocaína e fazendo tudo que eu queria fazer, tudo que eu sempre quis fazer.
Mas segunda-feira chegou, sempre chega, e eu tinha que me responsabilizar pelos meus atos. Processada por danos morais pelo meu chefe, sem um namorado pra me abraçar e falar "tamo junto", sem dinheiro pra comprar o gás. Estava só. Mas, espera.... Ainda há um comprimido de ecstasy na minha bolsa!

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Ele

Se houvesse um pouco mais de amor em mim, um pouco mais de carinho, um pouco mais, até, de paixonite, eu lembraria de você pelas simples coisas. Lembraria de você pelos seus olhos, que se fecham quando você sorri. Ou dos seus dentes brancos e perfeitamente alinhados, ou até quem sabe das suas unhas que você insiste em roer. Lembraria de você pelo corte do seu cabelo, que deixa suas orelhas engraçadas. Lembraria pelo jeito que você enrolava os cachos do meu cabelo, pelo jeito que mexia na minha perna e pelo jeito que passava os dedos nos meus dedos dos pés, enquanto conversávamos. Lembraria de você pela mordida no meu queixo, e pelo jeito que passa a mão no meu rosto.
Mas como não há nem um pouco desses sentimentos em mim, eu lembro de você apenas pelo que você me fala, que nem é lá grande coisa.

domingo, 12 de agosto de 2012

Reencontro

Eu tinha tantos problemas e não precisava de mais algum (realmente não precisava). Eu falei contigo, como quem fala com qualquer amigo, e você falou comigo como quem fala com qualquer desconhecido. Acho que você não viu o brilho dos meus olhos, ou talvez nem ligue pra esse brilho, mas eu estava feliz por te ver, por poder te tocar, depois de tanto tempo.
Te falei de tudo que eu vivi nesse tempo que passamos longe, de como o sol nascia diferente quando eu estava a dois dias sem dormir. Te falei de como o aspecto da areia mudava quando eu estava bêbada demais pra lembrar de você. Te falei tudo, tudo mesmo!
Te falei da cor da musica que eu ouvia enquanto estava tão chapada que nem dava pra diferençar os meus dedos, de como as vozes das pessoas tinha gosto enquanto eu assistia TV.
- Sinestesia!
Você me disse, era isso que eu havia sentido. A tal sinestesia. Era fantástica e aconchegante. Mas você mal me dava ouvidos, você olhava ao redor, olhava para o relógio e eu não parava de falar (como de costume). Até que eu percebi que nós não estávamos no mesmo ritmo, nós nem estávamos escutando a mesma música.
- O que mudou? Desde quando começamos a nos distanciar?
- Desde sempre. - Você me respondeu. (Ah! Se você soubesse o quanto essa resposta machucou.)
Eu fiquei calada, e pretendia permanecer assim. Eu não imaginava que o nosso reencontro iria ser assim. Olhei ao redor, o vento estava batendo nas folhas das árvores, o que fazia um barulho muito bom, algumas folhas secas voavam na areia. Eu estava enterrando meu pé, sujando todo meu all star vermelho de areia, mas eu nem estava me importando.
- Foi bom te ver. - Eu tentei puxar assunto.
- Sabe, esse tempo que passamos sem nos ver eu percebi que eu não preciso tanto de você quanto eu achava que precisava. Passamos tanto tempo sem nos ver que nosso sentimento ficou no passado, como se nem tivesse existido. Temos um sentimento não vivido, historias que nunca aconteceram, planos para um casamento de mentirinha, e agora eu nem sei se quero me casar com alguém. Sabe, eu tentei manter o que nós começamos, tentei fazer com que desse certo, mas a distancia nos deixa vulneráveis a novas pessoas, eu usei o escudo o quanto eu pude, mas uma hora eu tinha que deixar alguém entrar. Aconteceu! Não foi traição, eu não faria isso, se fosse traição eu nem lhe contaria. Foi algo sem pensar, mas que me fez entender o que eu sentia. Valeu a pena, entende?
- Entendo perfeitamente. E até concordo com você, temos que baixar o escudo as vezes. - Me levantei, olhei para o banco de madeira que estava sentada - E sabe, eu nunca baixei o meu. E nem quero que você volte atrás, siga seu caminho, eu vou seguir o meu. E daqui pra frente, acho que não vou precisar de escudos.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Parte XI

Como explicar esse coração acelerado quando você chega, ou esse desespero quando você sai. Essa alegria sem fim quando você me abraça, ou, esse calor imenso quando você me beija.
Eu não conseguia tirá-lo da cabeça, minha comida havia perdido o sabor, a televisão perdeu as cores, meu violão perdeu o som. A fumaça do meu cigarro desce rasgando minha faringe, laringe, tráquea, até chegar em meus pulmões, a cerveja estava mais amarga que o suportável.
Eu estava apaixonada, completamente, não sei se é trágico ou cômico, mas eu estava. Chegava a ser engraçado, eu estava apaixonada por um completo desconhecido. Um cara que apareceu nos meus sonhos e depois do nada estava interferindo em tudo que eu fazia. Mas era trágico, exatamente por esse mesmo motivo.
Sabe, eu nunca tinha pensado em como seria viver algo assim. Nunca tinha imaginado como seria, e agora eu estou aqui. Deixando acontecer.
O que aconteceu comigo? Logo eu, tão controladora, que precisava fingir paixões (já que eu achava os homens incapazes de me conquistar). Eu estava me derretendo toda por um rapaz qualquer, na verdade, ele nem era um qualquer, mas eu queria que ele fosse.
Por mais estranho que possa parecer, a campainha tocou hoje mais cedo e quando abri a porta era ele. Ele que sempre aparecia nos momentos mais estranhos. Estava com um sorriso, meio que como se estivesse se gabando, mas estava lindo.
- Estava pensando em mim, Sally?
- Não.
- Sei, e o que mais estava fazendo? Não vai me convidar para entrar? - Quando acabou a frase ele já estava no meio da sala.
Fechei a porta, estava sozinha em casa. Sentei no sofá, azul, continuei com os pés no chão, encostei meus cotovelos bem próximos aos meus joelhos.
- Vai ficar aí?
- Espera que eu vá até onde? O que você quer falar comigo?
- Ainda com raiva Sally? Aquilo foi um sonho! Uma coisa que sua mente fértil criou. Você poderia estar bêbada. Olha, eu deixei tudo da minha vida de lado pra vim até aqui e ficar tudo bem contigo, e é assim que você me trata?
- Não deixe sua vida de lado pra vim até aqui, eu nem faço parte dela. Pode ir Johnny, volte pra sua vida. Para os seus amigos. Boa sorte.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Meu sentimento oscilava entre êxtase e felicidade plena, meu coração estava acelerado. Mas o medo me corroía, o medo estava dentro de mim e me fazia tremer. Eu sabia que era errado, eu sabia que não podia, mas a adrenalina me fazia querer flutuar. Ele ia ser meu, independente de tudo. Não era certo, mas eu não me importo se tudo der errado. Eu estava tremendo, mas estava com um sorriso no rosto. Me privar não faz parte dos meus planos, e eu consigo tudo que eu quero. É só uma questão de tempo.
Sentir ciúme do que não é meu dói, não é bonito, mas eu não consigo evitar.

segunda-feira, 16 de julho de 2012


Eu te liguei uma, duas, três, e acho que até quatro vezes, e todas elas você não me atendeu. Não sei se porque não quis, porque não viu, até prefiro ficar sem saber. Deixei meu orgulho de lado, fingi que estava tudo bem entre a gente, preferi esquecer nossa ultima briga, e você nem viu minhas ligações. Mas agora eu prefiro te deixar assim, de lado. Fingir que você nem existe, te manter longe de mim. Mentir pra mim mesma, agora, vai ser a melhor das alternativas.
Sabe, semana passada eu sentia sua falta, acho que agora eu nem ligo se você está aqui, ou se você nunca vai estar.
Desisti de ofuscar meu brilho pra você brilhar, desisti de diminuir a pessoa que eu sou pra querer crescer junto de você. Desisti. Simplesmente e completamente isso.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

RECAPITULANDO

Parte I

Parte X

Quando eu acordei ele estava ao meu lado, acho que era a primeira vez que eu o tinha visto a luz do dia. Seus cabelos negros brilhavam, e, agora, havia um brilho em seus olhos. Ele sorria.
- Bom dia! - Ele me disse ainda mais sorridente.
Eu estava atordoada, noite passada tínhamos nos despedido e achei que ele tinha ficado magoado com algo. Olhei pra ele meio indiferente, ele continuava sorrindo.
- Achei que tinha ido embora.
- Por que? Eu deveria ter ido?
- Achei que tivesse ficado com raiva depois da nossa pequena discussão e de você ter jogado na minha cara que eu era infantil.
- Acho que você teve um pesadelo, minha linda. Eu nunca disse isso a você, eu te trouxe em casa, nos despedimos e você entrou. Não houve discussão, nem conversas desse tipo. Você ta bem?
- Não, eu tenho certeza que discutimos ontem. Não foi sonho, eu lembro perfeitamente de tudo!
- Calma Sally, você deve ter sonhado. Acredite.
Eu estava mais atordoada ainda, eu não tinha sonhado, eu tinha certeza.
- Mas você disse que ia embora, e que me amava. Eu lembro Johnny, não estou ficando maluca.
- HAHAHAHA, eu disse que te amava? Como assim? A gente se conhece a quanto tempo mesmo?
- Ok, deixa pra lá. Mas não foi sonho, eu sei.
Ele sorria, o tempo inteiro. Estava de bom humor por algum motivo. Talvez a minha desgraça fosse o motivo  do bom humor dele. Ele gostava de me vez confusa, atordoada e indefesa. Eu não tinha armas contra ele.
- Tenho que ir Sally, minha vida me aguarda. Fazer parte da sua me cansa um pouco. Até mais tarde.
- Hm.
- Se cuida, minha linda.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

E aqui estamos nós de novo, um olhando para o outro. Esperamos ouvir verdades, mas sabemos que se começarmos a fala-las elas vão doer, doer mais que o normal, ninguém aguenta ouvir verdades nessas horas. Decidimos agir como adulto, e cá estamos, sendo adultos.
O sofá branco, com almofadas cor pastel, está vazio. Sentamos no chão, onde conseguimos encostar nossos joelhos e ficarmos mais próximos, mesmo que seja só fisicamente. Ele disse que preferia começar, mas não sabe nem o que falar. Eu preferia começar, mas eu não queria falar tudo que ele não iria aguentar ouvir. Ficamos assim por alguns minutos, diria que chegaram a ser uns 20 ou 25, mas que pareceram horas.
Meus olhos estavam cheios de lágrimas, e parecia que não havia rua lá fora. Que eramos só nós dois. As cortinas cor pastel tampavam a luminosidade que entrava pela janela, o chão de madeira, as flores no canto.
Eu queria começar a pensar em tudo, antes dele começar a falar, mas não conseguia nem pensar. Me sentia mal por mim, e ao mesmo tempo mal por ele. Sabia que ele estava mal também.
Quantas vezes temos que diminuir nossos sentimentos para conseguir entender os outros, mas isso ele não entendia.
Eu me diminuí, algumas vezes, para deixá-lo crescer.
Ah, sim... A conversa de adultos. Não houve conversa. Ficamos assim por algum tempo, depois desistimos e ele foi embora. Eu fui embora. Nós fomos e nunca mais voltamos.

Parte IX

Na volta ele mantinha o silêncio, eu até pensei em iniciar algum assunto, mas confesso que estava com um pouco de raiva. Ele havia insistido pra me trazer em casa e agora que estava aqui ele, simplesmente, nem me olhava. A rua estava vazia, já era tarde, e ventava muito. Eu podia até ver a fumaça saindo de nossas bocas enquanto respirávamos. Um gato passou por nós, tinha um olhar assustado, e correu para o outro lado da rua.
Acendi outro cigarro, agora era o ultimo da carteira, ele me olhou e, quebrando o silencio pesado, disse:
- Esse é o seu problema.
- O meu problema? O que?
- Não se importar com os outros, achar que todos tem que sempre te agradar. E se alguém contrariar o que você quer, você e a sua infantilidade ficam com raiva.
- O que? Você insiste em vir comigo e me trata assim? Quer saber? Os melhores dias da minha vida foram os que eu passei longe de você, você aparece do nada, some do nada, aparece de novo e acha que pode me xingar.
- É, é de fato uma pena eu ter aparecido na sua vida, uma pena maior ainda eu te amar, já que sua vida estava tão melhor sem mim.
- Deixe de ser infantil.
- Chegou sua casa, tchau.
O QUE? ELE DISSE QUE ME AMA! Eu poderia sair correndo e me jogar nos braços deles, dizer a ele que eu o amo também, dizer que os dias sem ele foram chatos e sem graça, que agora eu precisava dele perto de mim.
Ele virou as costas e saiu andando.
- Espera!
- Oi Sally, tem algo a me dizer?
- Desculpa pela minha infantilidade.
- Só isso?
- Sim.
- Tchau.
E lá vai ele, escapando entre as minhas mãos como água. Entrei em casa e dormi. Foi a unica coisa que eu consegui e pensei em fazer. Adeus Johnny.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Não preciso te declarar sentimentos já tão escancarados. Não preciso dizer "eu te amo", e nem quero. Mas, acredite, eu pularia na frente dos carros por você. Me jogaria de um viaduto qualquer, tentaria coisas praticamente impossíveis, só por você.

sábado, 30 de junho de 2012

Quando o que te fazia bem começa a te incomodar, é quando você precisa mudar. Mas não adianta mudar quando você não sabe pra que. Se conhecer antes de mudar é tudo!
Conhecer a sua alma é o mínimo pra ser feliz, mudar é o mínimo pra encontrar a tal felicidade e sobre o caminho que você está seguindo... Bem, as pessoas que estão te ajudando a passar por ele é a parte mais importante.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

"Agora... Tragam-me o horizonte!"


Uma realidade

Nunca  escrevi sobre meu dia e, ultimamente, não escrevo coisas reais. Mas sempre há a primeira.
Quarta-feira (27/06/2012) fui a um rodizio de sushi com minha prima, minha amiga, meu "irmão" e dois amigos dele. Os amigos me acharam chata, só porque eu discutia com os dois... Mas eu tava tendo legal, eu juro!
Comi sushi até ficar completamente cheia e a noite foi extremamente engraçada. O lugar era bem aconchegante, rolava uma música de fundo e estava meio frio. Mas estava tudo muito bem, começando pelo sushi.
Ninguém gostou muito do meu jeito de agir durante o jantar, mas, quem disse que eu ligo? Quem gostou ÓTIMO, quem não gostou, não sai de novo. SIMPLES.
Pronto, desabafei.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

- Quantas vezes você consegue falar com sua verdadeira voz?
- Como vou saber?
- É quando enquanto você fala, não existe mais nada soando em sua cabeça.
- E quantas vezes você conseguiu fazer isso?
- Na verdade, eu só consigo quando estou com você.
Agora eu vou sair, pego qualquer coisa pra vestir, minha garrafa de vodka, da mais barata, e vou dar uma volta É sempre bom sair e pensar.
Lembro nitidamente das palavras da minha mãe "Ela está se limites Roger, você precisa ficar com ela, não aguento mais!", isso ainda dói. Esse espírito depressivo ainda mora em mim, e, por mais que eu tente, ele não vai embora.
Eu estava andando pra lugar nenhum, bebendo uma vodka horrível e tentando não chorar. Decidi escutar algumas músicas, mas eu nem conseguia escolher o cantor. Tentei Nirvana, Pink Floid, Bad Brains, nada descia muito bem. Parei em Chico Buarque, ele parecia falar comigo e eu o entendia, ele me entendia.
"Não se afobe não, que nada é pra já", ah, o bom e velho (gênio) Chico. A garrafa já estava na metade, minhas lágrimas já batiam em meu peito e o céu começou a escurecer.
Não consigo lembrar onde deixei a garrafa, nem como cheguei em casa. Minha mãe não havia percebido o cheiro de álcool, nem as lágrimas, nem meus passos cambaleantes. Ela já nem reparava tanto assim e mim.
Debaixo do chuveiro minhas lágrimas se confundem com a água. Deixei se misturarem por um tempo, muito tempo na verdade, e então saí do banho. Nem ceguei a pentear meus cabelos, que ainda escorriam água, me sentei num canto do quarto e chorei. Chorei como uma criança chora ao perder seu brinquedo. Chorei como se ninguém pudesse me escutar.
Levantei, liguei o som e deitei. Fui dormir ao som do Chico. Coloquei apenas umas cinco musicas e coloquei pra repetir. Fui dormir com o rosto molhado, e tive pesadelos que, agora, nem quero lembrar.

Intimação

A sala fica vazia, na maior parte do tempo, o piso é branco com azul e é bem brilhante. Um rapaz em  um birô, um computador a sua frente, um telefone que não toca.
Ela entrou, todos esperam aqui fora. O silêncio começa a pesar, o coração acelera, as pernas tremem. Os intimados pensam, abaixam a cabeça e, as vezes, se olham por poucos segundos.
Depois de muito tempo ela saiu da sala, cabeça baixa, medo do que pode ocorrer quando ele entrar.
- É sua vez, Senhor.
Ele se levanta, olha ao redor, pede proteção a Deus e entra na sala, pronto pra responder um interrogatório. Agora mais uma hora e meia de espera, e ansiedade.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Pate VIII

Naquela noite eu saí pra dar uma volta, precisava pensar um pouco. Enquanto andava acendi um Marlboro vermelho, parei e sentei em um banco qualquer. As pessoas passavam, algumas me olhavam outra apenas ignoravam.
Comprei uma cerveja e voltei a andar. A noite estava relativamente fria, e de alguma forma me veio um endereço a cabeça. Talvez eu tivesse lido em algum lugar, ou sonhado com ele.
-Rua Ernest Edmund, sabe onde é? - Perguntei a uma mulher numa banca de revista.
- Siga reto e dobre a terceira rua a direita, continue andando até encontrar um semáforo, aquele é o cruzamento da Edmund.
- É longe?
- Um pouco, mas dá pra ir.
Sorri, ela sorriu de volta, e voltei a andar. A cerveja já estava acabando, acendi outro cigarro e andei como haviam me explicado.
Enquanto fumava, e andava, me perguntei algumas vezes o porque de estar indo ali, mas no fundo havia a esperança de encontra-lo. Mesmo sendo uma pequena chance, eu acreditava. Me sentia uma  iludida, mas sempre há esperança.
Cheguei na Edmund, tinha várias casas e um ponto comercial já fechado.
Fechei o casaco, pois agora parecia estar mais frio. A iluminação na rua é bem pouca. Mais na frente havia um grupo de amigos conversando e rindo muito alto, não sei ao certo, mas pareciam ser todos homens.
Enquanto eu passava todos estavam me olhando, isso fazia com que eu ficasse extremamente nervosa, acabei tropeçando.
- Cuidado, mocinha. - Falou um deles, todos riram.
Ignorei ele e os amigos e comecei a andar mais rápido, queria correr, sumir dali.
- Não me ignore, Sally. Não finja que não me conhece.
Meu corpo pareceu estar anestesiado, parei de andar, a garrafa que ainda estava em minha mão caiu e minha respiração ficou rápida. Eu não reconheci a voz, ma s ele me conhecia, e isso era assustador. Olhei pra trás e lá estava ele,  com os amigos.
Eu sorri, ele continuava sério.
- Parece que você veio ao meu encontro.
- Na verdade, eu só estava andando e pensando, passei aqui por acaso.
- Não lembra Sally? Eu te disse que estaria aqui, te disse que toda sexta eu estava aqui.
- Disse? Não me lembro. Olha, preciso voltar pra casa, não posso demorar.
- Quer companhia?
"SIM, SIM, SIM, SIM, SIM" estava gritando na minha cabeça.
- Não precisa, estou bem.
- Ah, eu faço questão.
- Não precisa, sério. Você está com seus amigos, não quer incomodar.
- Falando em amigos - disse um rapaz loirinho que estava lá - meu nome é David.
- Ah, sim. Sally.
- Se quiser eu te acompanho Sally. O Johnny nunca faz isso direito mesmo.
Ah, ótimo. Agora eu sabia o nome dele, e ele tem amigos! Enquanto eu estava lá, me sentindo sozinha. Ficar com raiva disso me tornava infantil, mas eu não conseguia evitar.
Ele olhou pra o amigo, o tal do David, e voltou a me olhar.
- Vamos andando - ele disse.
- Realmente não precisa, eu vou só.
- Eu insisto.
E pegou no meu braço. Sentir seu toque era maravilhoso. Acreditei, por pouco mais de um segundo, que ele tinha voltado pra mim. Acreditei que era tão simples. Mas quando olhava pra ele, achava que nada era tão simples assim.

terça-feira, 19 de junho de 2012

I hate you

Eu odeio você, eu odeio você, eu odeio você, é só o que eu consigo pensar agora. Nada faz algum sentido e talvez nem era pra fazer. Todos me olham e parecem não gostarem do que estão vendo.
Mas nada precisa fazer sentido.
Fecho os olhos, contro até três. Eu odeio você, eu odeio você, sinto vontade de ir até você e dizer o quanto te acho desprezível. Pode parar de me olhar agora.
Tento controlar essa vontade de gritar que te odeio. Eu odeio você, eu odeio você.
Você é apenas um desperdício de pele, um desperdício de esperma.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Está chovendo sangue lá fora. Ele está inválido, mas somente seu corpo está quebrado.
-É o fim. - Ele repetia. - É o fim.
Não sei pra quem ele falava, ele não conseguia me ver. E fecha-se o livro sagrado das mentiras, ele cobre seus olhos.
Tudo ficou bem. Mas ainda chove sangue.

A consulta

Há uma placa de "Proibido fumar" junto a porta, um velho dormindo, um homem me olhando e um aviso de "Favor não usar celular", há quadros com pinturas abstratas nas paredes e uma senhora com blusa de bolinhas.
Há revistas em um centro no meio da sala. Um chão de madeira, de duas cores, a senhora ao meu lado está lendo, duas pessoas conversando, outras só olhando.
Há uma planta, e um ventilador pouco acima dela. Ele é preto e esta ligado e girando pra todos que estão na sala.
A atendente se retira da sala, mas voltará logo. E aqui estamos, um momento de espera.
"Sente-se senhor".

Parte VII


Haviam se passado duas semanas e ele não tinha voltado. Ele foi embora, me alertou e eu não quis ouvir. A culpa era toda minha, fui precipitada. “Não seja precipitada querida” ainda martelava na minha cabeça.
Ele era minha droga, eu estava viciada e dependente. Não tinha mais amigos, estava sozinha, e a única pessoa que podia me ajudar eu mandei embora. “Não seja precipitada querida... Não seja...”.
Quando eu fechava os olhos ainda podia vê-lo, mas agora era só uma lembrança distante. Haviam características que eu já tinha esquecido, não lembrava do seu cheiro, nem sua voz, do seu nariz e nem dos seus cabelos. Sabia que eram cacheados, mas não lembro como ficavam em sua cabeça, e também não lembro o tamanho. Como eram os cachos mesmo?
Como era sua voz mesmo? Ah, doce e amendoada. Não poderia esquecer-me disso. E seu toque também estava vivo em minha mente. Mas eu precisava dele.

Usando anestesias

Ando por aí, meio sem rumo, sem sentir frio nem calor, sem reparar as pessoas a minha volta, sabendo que eu também não sou reparada. Ando com meus fones, escutando Slayer, AC/DC e Venom.
"Welcome to hell" diz a musica, e me parece que deveria ser tocada em todas as maternidades. Não sei você, mas eu já cansei desse mundo com pouco espaço pra felicidade. Prefiro viver aqui, onde estou.
Dentro de mim.

Parte VI


Eu tinha que começar a controlar essa vontade de tê-lo. Ela estava gritando dentro de mim, era um monstro que estava me consumindo. Ele estava na minha frente, meus olhos e imaginação eram meus piores inimigos neste momento.
- O que é você? – Perguntei baixinho, quase inaudível.
- Tudo tem seu tempo, minha querida. Você vai saber de tudo, mas não seja precipitada.
Eu tinha perguntas que precisavam ser respondidas e vontades para serem saciadas. Sentei-me numa cadeira branca, que havia em meu quarto, estava confusa. Minha cabeça estava sendo bombardeada de pensamentos. Mil imagens e sons em apenas um milésimo de segundo.
- Calma Sally, tudo ficará bem no final.
– Ele tinha uma voz doce e aconchegante.
- Como sabe meu nome? Como está em meus sonhos? Como está em meu quarto agora? Eu preciso de respostas! Você não pode invadir minha vida como se eu não me importasse.
Na verdade, eu nem me importava. Afinal, acordada ou sonhando eu acabava estando ao lado dele. Ele chegou perto e tocou em meu ombro, sua mão quente aquecia todo o resto do meu corpo, ele me levantou e me abraçou. Beijou meu pescoço e mordeu meu queixo, deu um sorriso e falou baixinho:
- Não seja precipitada querida, nada precisa ser rápido.Os beijos, mordidas, toques e palavras dele faziam com que meu corpo tivesse reações estranhas. Esse calor que sobe até o pescoço, de onde vem? Na minha cabeça se repetia incessantemente “não seja precipitada querida... não seja precipitada”. Ele me queria isso me confortava e fazia com que eu o quisesse ainda mais. E mesmo sem ter a mínima condição de parar de beijá-lo, eu parei. Respirei fundo, olhei em seus olhos negros, ele sorria.
- Preciso de respostas.
- Relaxe, querida.
Eu estava relaxada, e isso era perigoso demais agora. Todos os músculos do meu corpo estavam relaxados. Haviam pensamentos estranhos, lembranças sem sentido. “É preciso não esquecer e respeitar a violência que temos. As pequenas violências nos salvam das grandes”, onde eu havia lido isso? Por que estava pensando nisso agora?
- Não quero relaxar. Me responda ou pode ir embora.
- Não é isso que você quer.
- É o que estou pedindo. Responda ou vá embora.
- Se eu for, posso não voltar.
- Não me importo. Se for para ficar e não me dar respostas, é melhor não ficar.
O medo estava percorrendo por meu corpo, eu não queria ficar sem ele, não queria perder a única folha dessa árvore da felicidade. Não queria que meu anjo fosse embora. Mas precisava pôr um fim, ou ter respostas.
- Adeus Sally, minha querida.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Parte V

Engraçado como ele apareceu na minha vida. Eu até diria que ele foi um anjo que caiu do céu, mas, pensando bem, anjos não são tão sedutores. Ele pode até parecer um anjo, mas anjos não causam os efeitos que ele causa em mim. Só em chegar perto eu já tremo, meu coração acelera. Seu sorriso me seduz, fico olhando seus dentes brancos, sua boca carnuda. Ah, claro que não é um anjo. Ele é um demônio, o meu demônio.
Qualquer dia desses me deixarei levar pelo desejo de tê-lo. Quero ir com ele, andar na autoestrada para o inferno. Quero ir até o circulo mais profundo do inferno, onde estão os traidores e amotinados, só para passar mais tempo com ele. Quero conhecer Cérberus, o circulo que ele guarda e todo o resto. Não pensarei duas vezes em pegar na mão dele e sentir seu calor, o calor que só o demônio tem. Todo o calor do desejo que emana de sua pele.
Quero passar a mão em seu cabelo, sentir cada fio do mais lindo cabelo cacheado que já existiu. Fazer com que minha mão deslize pelos fios brilhosos de seus cabelos, desça por sua nuca, sentir os músculos de suas costas, sentir seu calor, sentir seus pêlos ficando arrepiados e ver um sorriso malicioso em seu rosto.
Quando fecho os olhos eu consigo ver todos os detalhes do seu corpo, todos aqueles detalhes que eu ignorava enquanto estava olhando para seus olhos. Ah, quantos detalhes! Seu corpo me chama, seu corpo clama pelo meu e eu vou até ele, vou como um cachorrinho. Vou quantas vezes ele me chamar, sem pensar mais de uma unica vez.
Quero tê-lo na realidade, não aguento apenas sonhar de olhos fechados. Enquanto eu penso em tudo isso, ele está parado na minha frente. Que olhar sedutor! Me olha como se me despisse só com os olhos. Ele me quer, e essa é a melhor parte dessa historia.

É pra você que eu vou cantar antes de dormir, e depois que você dormir eu vou ficar te olhando. É com você que eu vou fazer as brincadeiras mais engraçadas. Sorrir quando você der os primeiros passinhos, e quase chorar quando você me acordou falando Titia. Eu vou sorrir, quando você sorrir pra mim. Vou me preocupar quando você cair. Vou tentar ser a melhor da melhor do mundo pra você. Isso porque a titia te ama, ama muito. Ta?

terça-feira, 12 de junho de 2012

É quando eu olho pra meu rosto no espelho, pra o meu corpo, para as minhas roupas e sapatos, percebo que eu não sou mais uma criança indefesa, agora eu sou mulher. Por mais que isso doa dentro de mim, por mais que essa sensação de que o tempo está passando seja estranha, eu tenho que aceitar. Tenho que aceitar que agora existem obrigações, e que se eu não cumpri-las não vai ter minha mãe dizendo que eu sou apenas uma criança, não entendo o que eu estou fazendo.
É quando eu percebo que já se passaram mais de 1 década e meia, e mesmo depois de tanto tempo, eu continuo com os mesmos medos. Com os mesmos planos, com as mesmas vontades. Tudo isso que poderia, e deveria, ser mudado continua igualzinho.
E estando quase enlouquecendo pensando em como aceitar o futuro, como aceitar ser mulher não mais criança, eu não sei como lidar com isso. Não sei como lidar com essa estranha sensação que é necessário crescer por dentro agora.
E mesmo sabendo de tudo isso, e até entendendo tudo isso, eu não consigo crescer. Eu continuo tendo o mesmo medo quando as luzes se apagam. Continuo chorando baixinho atras da porta, pra ninguém ouvir. Continuo sorrindo por bobagens e achando engraçado o modo estranho das coisas. Eu olho pra mim no espelho e vejo a mesma de sempre, aquela menininha que foca em um ponto na parede até os olhos encherem de lágrimas, só pra ter o prazer de sentir a temperatura fria delas descendo pelo cantinho do olho, só para sorrir, fechar os olhos e dormir sentindo uma parte do meu rosto molhada.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Parte IV

Sonhei que morava em uma floresta, dentro de um cogumelo. Era tudo muito normal, até perceber que eu estava no País das maravilhas! Eu era Alice e ele era meu chapeleiro maluco. Me dizia que as melhores pessoas são as loucas, ou será que eu dizia isso? Não sei, mas nós dançamos. Dançamos tango, valsa e outros ritmos e sorriamos um para o outro.
Ele me falava coisas doces e me fazia rir. Me disse que estava com saudade do meu beijo e, então, me beijou. Foi um beijo frio e amargo, mas minha boca estava queimando e doía muito, mas eu não queria estragar o momento e continuava sorrindo pra ele.
Ele continuava me falando coisas doces, mas agora o sorriso dele não existia mais. Então ele arrancou minha orelha, e me falou que eu não poderia saber das coisas doces que ele estava pronto para contar. Eu não conseguia entender, e eu começava a virar um coelho... Mas espera! Eu ainda fazia parte do filme, ele havia acabado, não? E meu lindo chapeleiro se transformava agora na Rainha Vermelha, não estava mais no meu cogumelo e sim no seu castelo. Estava presa e ela me olhava, os olhos eram os mesmos. Negros e opacos. O sorriso também era o mesmo.
Agora ela gritava:
- CORTEM-LHE A CABEÇA! CORTEM-LHE A CABEÇA!
No momento onde cortariam minha cabeça, acordei. Acordei assustada, estava suando frio e minhas mãos tremiam. Olhei pra o lado, e lá estava ele. Me olhando e sorriso. Que dentes brancos!
Me abraçou e disse que tudo ia ficar bem, foi só um sonho ruim. E agora ele estava comigo.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Manhã de domingo

Essa noite eu não dormi, e quando olhei pra o céu nem parecia uma manhã de domingo. Não dava pra ver o sol, o céu estava cheio de nuvens cinzas e carregadas, passei algum tempo olhando pra cima, como se estivesse procurando o sol, e logo depois ignorei esses minutos desperdiçados e continuei minha rotina.
Com o céu assim eu não estava pensando muito em arriscar um passeio com meu cão, mas mesmo assim Scott tentava me convencer a sair com ele... Me olhava como se estivesse implorando para sair. Relutantemente, eu saí com Scott.
Andamos um bom tempo e quando a chuva começou a cair, lentamente, eu disse ao Scott que nosso passeio teria que acabar, que era melhor irmos para casa. De algum modo ele se soltou da coleira e correu enlouquecido por toda a rua. A chuva começou a cair mais forte, e eu estava procurando por aquele cachorro idiota até que aparece alguém. Parou na minha frente e ficou me encarando por alguns minutos, tentei desviar, mas ele parecia estar querendo mesmo falar comigo. Eu encarei ele como se não estivesse assustado e ele começou a falar algo, mas estava falando baixo demais, eu não conseguia entender muito bem. Falava algo sobre cortar, feridas e queimaduras, mas eu não conseguia juntar essas palavras com as coisas que ele estava me dizendo.
Então eu disse que ele precisava falar mais alto, que eu não conseguia entender e que era melhor ser breve, eu tinha que procurar meu cão. Então ele puxou uma tesoura de jardineiro da calça e disse para que eu cortasse. Antes que eu pudesse perguntar o que era para cortar, ele tirou o casaco e eu vi pedaços de asas em suas costas. Estavam queimados e não pareciam asas como aquelas que vemos em filmes e desenhos.
Ele me disse que foi expulso de onde estava e que precisava da minha ajuda agora. Eu peguei a tesoura e cortei, mesmo com ele gritando e seu sangue descendo pelas costas e batendo no cós de sua calça. Quando terminei, pedi licença e comecei a andar, ele me disse que era tudo segredo, que eu não podia contar para as pessoas que ele era um demônio. Mas espera, anjos tem asas, não?!?
Eu me virei e falei pra ele ficar longe de mim, do meu cachorro e da minha casa. Ele sorriu, sorriu como um garoto depois que quebra de propósito a vidraça da janela de uma casa. Sorriso de garoto esperto, garoto danado.
Então falou algo muito baixo, eu que já não estava gostando de estar na chuva, com um anjo/demônio e sem o meu cachorro ignorei aquilo virei as costas e sai. Ele perguntou se eu tinha escutado o que ele tinha dito, eu disse que não, que não queria saber e que estava indo para casa. Então ele sorriu de novo e falou, acho até que repetiu o que tinha me falado antes:
- Agora é tarde para voltar pra um cachorro, uma família e uma casa que nem existe mais.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Sempre tem o dia que você acorda achando o céu lindo e o sol brilhante. No decorrer do dia você fica bem, sorri o dia inteiro e vê mais motivos pra continuar sorrindo. Quando chega a noite você conversa com seus amigos e continua sorrindo. Recebe ligações, escuta música, recebe boas mensagens e tem um dito "Bom dia", mas aí começa o problema. Você olha pra o seu dia, o seu motivo de rir, as piadas e todas as outras coisas que aconteceram e vê que foi um dia de merda, que você não tinha motivos para rir daquelas malditas piadas sem graça e idiotas e que nada do que foi engraçado agora parece ter graça.
Você olha pra o seu passado e pra o que você fez, todas as vontades que deixou pra trás, todos os momentos que você poderia ter escolhido ser melhor e não foi. O que vale estar feliz agora se daqui a dois dias você vai estar odiando seu passado?
A tal felicidade que todos procuram é isso? Momentos em que você ri de coisas idiotas? Ou SÓ PRA MIM a felicidade parece idiotice?

Ideias?

Quando foi que inventaram esse bloqueio mental? Maldita seja a falta de ideias e todas as consequências disso.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Parte III

Acordar... Era a unica solução e o único problema. Para encontra-lo já nem era preciso dormir, conseguia vê-lo nas mínimas coisas, conseguia vê-lo também quando eu fechava os olhos e quando eu os mantinha abertos.
Dessa vez nosso encontro foi no meu quarto... Mas espera, eu estou dormindo? Não importa, agora não importa. Ele me olha, como das outras duas vezes. Seus olhos me seduzem, onde está o brilho desses olhos? E ele vem andando em minha direção, sério e calado. Não lembro das outras vezes, mas nessa ele estava de calças. E agora estava com uma camisa preta.
Parou de frente a mim, seus olhos se fixaram nos meus. Conseguia sentir sua respiração e escutar seu coração batendo, estava acelerado. Ou era o meu coração?
Não sentia o ar quente que dominava meu corpo como havia ocorrido das outras vezes. Ele ficou algum tempo parado, e finalmente sorriu. Um sorriso largo e aconchegante. Seus dentes brancos chamavam minha atenção, mas eu não conseguia quebrar a conexão entre os nossos olhos. Tentei algumas vezes levantar a mão e coloca-la em seu rosto, mas agora meu corpo não me obedecia mais. Ele podia levar minha vida agora, podia fazer com que eu perdesse os sentidos do corpo. Podia me jogar no chão, como qualquer coisa. Eu nem ligava mais.
Ele continuava sorrindo, e algo me dizia que ele estava feliz e, por esse motivo, eu estava feliz também. Ele levantou a mão, passou em meu rosto e então parou de sorrir. No inicio eu tive medo, mas seus olhos continuavam acolhedores.
Ele estava chegando mais perto, e meu coração cada vez mais acelerado. Eu já começava a suar frio, e ele a se aproximar de mim. Comecei a sentir o calor do seu corpo quando ele já estava se aproximando do meu. Sentia sua barriga encostando na minha e lentamente sua mão indo até a minha nuca. E finalmente ele me beijou.
Me beijou calmamente, como se pudesse beijar minha alma. Senti sua boca quente, seu braço passando pela minha cintura e me pressionando contra o corpo dele.
Então, ele me soltou, sorriu, e falou:
- Espero te ver amanhã.
Virou as costas e saiu do quarto. Saiu como se não tivesse deixado marcas, saiu de leve como quem calça meias de lã. Apenas foi embora, e me deixou com o sabor de sua boca na minha por algumas horas.
A saudade é como um soco no estômago.

Duas manhãs

Essa manhã eu acordei e abri a janela. O sol brilhava, mas não sei em qual das duas manhãs. Acho que nessa manhã do lado de fora ele era mais forte do que dentro de mim. Se todos pudessem ver o que eu sinto, talvez entenderiam o lado escuro desse dia, mas até lá, continuarei olhando pra o céu e sorrindo, esse sorriso bobo mesmo, que só assim um pouco de luz passará pelos meus olhos e fará um pouquinho de luz, e sombras, dentro de mim.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Tudo acabou

Eu joguei tudo que eu tinha no vento, e o que me sobrou foi somente essa dor. Todos sofriam por estarem apaixonados, eu nunca tinha sentido isso antes, agora eu sei como é perder quem você quer. Eu não deveria, mas abandonei minha felicidade. Tudo que eu tinha depositado em você eu joguei no liquidificador, e agora eu sinto a dor de tudo que havia em meu peito triturado. Eu queria ter tudo de volta, mas não há como voltar atras. Eu nunca disse pra alguém, pra você não disse por medo. Mas, eu te amo.