Não se conserta o que já nasce com defeito.

domingo, 25 de novembro de 2012

Retrovisor

Ir embora, fugir dos problemas, fingir que não é comigo, sempre foi o melhor que eu consegui fazer. Olhar pra trás é complicado, eu sei, mas eu tento fixar meu olhar apenas na estrada que estou percorrendo. Sinto, as vezes, algumas lágrimas rolarem pelas bochechas até chegarem no queixo, e então, cair e encontrar minha calça surrada, ou o vento interromper seu caminho e ela bater no banco ao lado, ou apenas secar.
Sempre foi fácil fugir dos problemas e das pessoas, eu nunca me importei. Mas com você foi diferente, eu pensei duas vezes antes de te deixar pra trás. Eu estou indo embora, não quero que venha atrás de mim, nem que sofra porque eu fui, quero apenas que siga o seu caminho, eu estou seguindo o meu. Estou olhando fixo pra estrada, nem sei por onde estou passando agora, mas estou indo. Estou partindo, não sem dor, apenas vou.
Vacilo um olhar para o lado, uma paisagem qualquer que não me interessou muito, o retrovisor, você. Você estava atrás de mim, você me seguia, você sorria. Eu não sei como estava atrás de mim, como estava chegando cada vez mais perto.
Uma estrada, meu carro, eu. Um retrovisor, uma paisagem, você. Uma cena perfeita com uma curva qualquer.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Amanhã eu vou sentir falta do seu olhar de reprovação, do brilho dos seus olhos quando me conta algo e olha pra o horizonte. Ou seu sorriso sacana quando eu desvio um "olho no olho". Vou sentir falta de quando você sorri no meio de um silêncio qualquer, quando não quer me contar o que se passa na sua cabeça e o fato de me sentir incapaz de te entender. Vou sentir falta dos problemas, das soluções, dos sorrisos. Sei lá, vou sentir falta de tudo. Do bom, do ruim, do indiferente. Você, mesmo sem querer, é parte de mim.

domingo, 11 de novembro de 2012

sábado, 10 de novembro de 2012

Apenas mais um

Já tem alguns dias que eu não consigo dormir, talvez pela saudade que eu sinto de você, talvez pelo medo dos pesadelos, ou por apenas não sentir sono. Sono... Realmente não sei como é senti-lo, passei algumas semanas dormindo por apenas cansaço, cansaço mental, corporal. Não sei o que me leva a estar tão cansada, tão inútil a mim e a todos. Eu tento não lembrar do que eu sinto, mas fica difícil.
O teto é a melhor das pinturas, das telas. O vazio do branco que paira acima da minha cabeça me encanta! Passo horas olhando, admirando e é assim que eu consigo dormir, e é assim que eu fico acordada algumas noites. Apenas o branco limpo me encanta, nada mais. Prefiro ficar assim pra sempre, enquanto eu puder eu quero ficar assim. E é assim que acaba e começa meu dia, no nada, no branco, no infinito dos pensamentos.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Encontro

No meu normal, eu presto atenção onde ninguém vê. E lá estava ele, olhando pra o celular. Um boné de um candidato a deputado qualquer, rugas profundas de expressão, uma garrafa de cerveja, um copo e a solidão. Ele guardou o celular, coçou a cabeça, ajeitou a camisa, deu um gole na cerveja e olhou ao redor. Se arrumou na cadeira, ajeitou o boné, sorriu para o copo e pegou o celular. Olhou para o celular, o sorriso se desfez do seu rosto. Ele chamou o garçom, pediu a conta, deu um ultimo gole e foi embora. Foi embora com a cerveja ainda pela metade, foi embora porque (talvez) a pessoa que ele esperava não apareceu. Penso em uma série de motivos para que ela não tivesse aparecido. Talvez tenha acontecido alguma coisa, ou ela não quis ir, ou apenas chegou um pouco depois que ele foi embora. Ou nada disso aconteceu realmente desse jeito.