Não se conserta o que já nasce com defeito.

sábado, 30 de junho de 2012

Quando o que te fazia bem começa a te incomodar, é quando você precisa mudar. Mas não adianta mudar quando você não sabe pra que. Se conhecer antes de mudar é tudo!
Conhecer a sua alma é o mínimo pra ser feliz, mudar é o mínimo pra encontrar a tal felicidade e sobre o caminho que você está seguindo... Bem, as pessoas que estão te ajudando a passar por ele é a parte mais importante.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

"Agora... Tragam-me o horizonte!"


Uma realidade

Nunca  escrevi sobre meu dia e, ultimamente, não escrevo coisas reais. Mas sempre há a primeira.
Quarta-feira (27/06/2012) fui a um rodizio de sushi com minha prima, minha amiga, meu "irmão" e dois amigos dele. Os amigos me acharam chata, só porque eu discutia com os dois... Mas eu tava tendo legal, eu juro!
Comi sushi até ficar completamente cheia e a noite foi extremamente engraçada. O lugar era bem aconchegante, rolava uma música de fundo e estava meio frio. Mas estava tudo muito bem, começando pelo sushi.
Ninguém gostou muito do meu jeito de agir durante o jantar, mas, quem disse que eu ligo? Quem gostou ÓTIMO, quem não gostou, não sai de novo. SIMPLES.
Pronto, desabafei.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

- Quantas vezes você consegue falar com sua verdadeira voz?
- Como vou saber?
- É quando enquanto você fala, não existe mais nada soando em sua cabeça.
- E quantas vezes você conseguiu fazer isso?
- Na verdade, eu só consigo quando estou com você.
Agora eu vou sair, pego qualquer coisa pra vestir, minha garrafa de vodka, da mais barata, e vou dar uma volta É sempre bom sair e pensar.
Lembro nitidamente das palavras da minha mãe "Ela está se limites Roger, você precisa ficar com ela, não aguento mais!", isso ainda dói. Esse espírito depressivo ainda mora em mim, e, por mais que eu tente, ele não vai embora.
Eu estava andando pra lugar nenhum, bebendo uma vodka horrível e tentando não chorar. Decidi escutar algumas músicas, mas eu nem conseguia escolher o cantor. Tentei Nirvana, Pink Floid, Bad Brains, nada descia muito bem. Parei em Chico Buarque, ele parecia falar comigo e eu o entendia, ele me entendia.
"Não se afobe não, que nada é pra já", ah, o bom e velho (gênio) Chico. A garrafa já estava na metade, minhas lágrimas já batiam em meu peito e o céu começou a escurecer.
Não consigo lembrar onde deixei a garrafa, nem como cheguei em casa. Minha mãe não havia percebido o cheiro de álcool, nem as lágrimas, nem meus passos cambaleantes. Ela já nem reparava tanto assim e mim.
Debaixo do chuveiro minhas lágrimas se confundem com a água. Deixei se misturarem por um tempo, muito tempo na verdade, e então saí do banho. Nem ceguei a pentear meus cabelos, que ainda escorriam água, me sentei num canto do quarto e chorei. Chorei como uma criança chora ao perder seu brinquedo. Chorei como se ninguém pudesse me escutar.
Levantei, liguei o som e deitei. Fui dormir ao som do Chico. Coloquei apenas umas cinco musicas e coloquei pra repetir. Fui dormir com o rosto molhado, e tive pesadelos que, agora, nem quero lembrar.

Intimação

A sala fica vazia, na maior parte do tempo, o piso é branco com azul e é bem brilhante. Um rapaz em  um birô, um computador a sua frente, um telefone que não toca.
Ela entrou, todos esperam aqui fora. O silêncio começa a pesar, o coração acelera, as pernas tremem. Os intimados pensam, abaixam a cabeça e, as vezes, se olham por poucos segundos.
Depois de muito tempo ela saiu da sala, cabeça baixa, medo do que pode ocorrer quando ele entrar.
- É sua vez, Senhor.
Ele se levanta, olha ao redor, pede proteção a Deus e entra na sala, pronto pra responder um interrogatório. Agora mais uma hora e meia de espera, e ansiedade.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Pate VIII

Naquela noite eu saí pra dar uma volta, precisava pensar um pouco. Enquanto andava acendi um Marlboro vermelho, parei e sentei em um banco qualquer. As pessoas passavam, algumas me olhavam outra apenas ignoravam.
Comprei uma cerveja e voltei a andar. A noite estava relativamente fria, e de alguma forma me veio um endereço a cabeça. Talvez eu tivesse lido em algum lugar, ou sonhado com ele.
-Rua Ernest Edmund, sabe onde é? - Perguntei a uma mulher numa banca de revista.
- Siga reto e dobre a terceira rua a direita, continue andando até encontrar um semáforo, aquele é o cruzamento da Edmund.
- É longe?
- Um pouco, mas dá pra ir.
Sorri, ela sorriu de volta, e voltei a andar. A cerveja já estava acabando, acendi outro cigarro e andei como haviam me explicado.
Enquanto fumava, e andava, me perguntei algumas vezes o porque de estar indo ali, mas no fundo havia a esperança de encontra-lo. Mesmo sendo uma pequena chance, eu acreditava. Me sentia uma  iludida, mas sempre há esperança.
Cheguei na Edmund, tinha várias casas e um ponto comercial já fechado.
Fechei o casaco, pois agora parecia estar mais frio. A iluminação na rua é bem pouca. Mais na frente havia um grupo de amigos conversando e rindo muito alto, não sei ao certo, mas pareciam ser todos homens.
Enquanto eu passava todos estavam me olhando, isso fazia com que eu ficasse extremamente nervosa, acabei tropeçando.
- Cuidado, mocinha. - Falou um deles, todos riram.
Ignorei ele e os amigos e comecei a andar mais rápido, queria correr, sumir dali.
- Não me ignore, Sally. Não finja que não me conhece.
Meu corpo pareceu estar anestesiado, parei de andar, a garrafa que ainda estava em minha mão caiu e minha respiração ficou rápida. Eu não reconheci a voz, ma s ele me conhecia, e isso era assustador. Olhei pra trás e lá estava ele,  com os amigos.
Eu sorri, ele continuava sério.
- Parece que você veio ao meu encontro.
- Na verdade, eu só estava andando e pensando, passei aqui por acaso.
- Não lembra Sally? Eu te disse que estaria aqui, te disse que toda sexta eu estava aqui.
- Disse? Não me lembro. Olha, preciso voltar pra casa, não posso demorar.
- Quer companhia?
"SIM, SIM, SIM, SIM, SIM" estava gritando na minha cabeça.
- Não precisa, estou bem.
- Ah, eu faço questão.
- Não precisa, sério. Você está com seus amigos, não quer incomodar.
- Falando em amigos - disse um rapaz loirinho que estava lá - meu nome é David.
- Ah, sim. Sally.
- Se quiser eu te acompanho Sally. O Johnny nunca faz isso direito mesmo.
Ah, ótimo. Agora eu sabia o nome dele, e ele tem amigos! Enquanto eu estava lá, me sentindo sozinha. Ficar com raiva disso me tornava infantil, mas eu não conseguia evitar.
Ele olhou pra o amigo, o tal do David, e voltou a me olhar.
- Vamos andando - ele disse.
- Realmente não precisa, eu vou só.
- Eu insisto.
E pegou no meu braço. Sentir seu toque era maravilhoso. Acreditei, por pouco mais de um segundo, que ele tinha voltado pra mim. Acreditei que era tão simples. Mas quando olhava pra ele, achava que nada era tão simples assim.

terça-feira, 19 de junho de 2012

I hate you

Eu odeio você, eu odeio você, eu odeio você, é só o que eu consigo pensar agora. Nada faz algum sentido e talvez nem era pra fazer. Todos me olham e parecem não gostarem do que estão vendo.
Mas nada precisa fazer sentido.
Fecho os olhos, contro até três. Eu odeio você, eu odeio você, sinto vontade de ir até você e dizer o quanto te acho desprezível. Pode parar de me olhar agora.
Tento controlar essa vontade de gritar que te odeio. Eu odeio você, eu odeio você.
Você é apenas um desperdício de pele, um desperdício de esperma.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Está chovendo sangue lá fora. Ele está inválido, mas somente seu corpo está quebrado.
-É o fim. - Ele repetia. - É o fim.
Não sei pra quem ele falava, ele não conseguia me ver. E fecha-se o livro sagrado das mentiras, ele cobre seus olhos.
Tudo ficou bem. Mas ainda chove sangue.

A consulta

Há uma placa de "Proibido fumar" junto a porta, um velho dormindo, um homem me olhando e um aviso de "Favor não usar celular", há quadros com pinturas abstratas nas paredes e uma senhora com blusa de bolinhas.
Há revistas em um centro no meio da sala. Um chão de madeira, de duas cores, a senhora ao meu lado está lendo, duas pessoas conversando, outras só olhando.
Há uma planta, e um ventilador pouco acima dela. Ele é preto e esta ligado e girando pra todos que estão na sala.
A atendente se retira da sala, mas voltará logo. E aqui estamos, um momento de espera.
"Sente-se senhor".

Parte VII


Haviam se passado duas semanas e ele não tinha voltado. Ele foi embora, me alertou e eu não quis ouvir. A culpa era toda minha, fui precipitada. “Não seja precipitada querida” ainda martelava na minha cabeça.
Ele era minha droga, eu estava viciada e dependente. Não tinha mais amigos, estava sozinha, e a única pessoa que podia me ajudar eu mandei embora. “Não seja precipitada querida... Não seja...”.
Quando eu fechava os olhos ainda podia vê-lo, mas agora era só uma lembrança distante. Haviam características que eu já tinha esquecido, não lembrava do seu cheiro, nem sua voz, do seu nariz e nem dos seus cabelos. Sabia que eram cacheados, mas não lembro como ficavam em sua cabeça, e também não lembro o tamanho. Como eram os cachos mesmo?
Como era sua voz mesmo? Ah, doce e amendoada. Não poderia esquecer-me disso. E seu toque também estava vivo em minha mente. Mas eu precisava dele.

Usando anestesias

Ando por aí, meio sem rumo, sem sentir frio nem calor, sem reparar as pessoas a minha volta, sabendo que eu também não sou reparada. Ando com meus fones, escutando Slayer, AC/DC e Venom.
"Welcome to hell" diz a musica, e me parece que deveria ser tocada em todas as maternidades. Não sei você, mas eu já cansei desse mundo com pouco espaço pra felicidade. Prefiro viver aqui, onde estou.
Dentro de mim.

Parte VI


Eu tinha que começar a controlar essa vontade de tê-lo. Ela estava gritando dentro de mim, era um monstro que estava me consumindo. Ele estava na minha frente, meus olhos e imaginação eram meus piores inimigos neste momento.
- O que é você? – Perguntei baixinho, quase inaudível.
- Tudo tem seu tempo, minha querida. Você vai saber de tudo, mas não seja precipitada.
Eu tinha perguntas que precisavam ser respondidas e vontades para serem saciadas. Sentei-me numa cadeira branca, que havia em meu quarto, estava confusa. Minha cabeça estava sendo bombardeada de pensamentos. Mil imagens e sons em apenas um milésimo de segundo.
- Calma Sally, tudo ficará bem no final.
– Ele tinha uma voz doce e aconchegante.
- Como sabe meu nome? Como está em meus sonhos? Como está em meu quarto agora? Eu preciso de respostas! Você não pode invadir minha vida como se eu não me importasse.
Na verdade, eu nem me importava. Afinal, acordada ou sonhando eu acabava estando ao lado dele. Ele chegou perto e tocou em meu ombro, sua mão quente aquecia todo o resto do meu corpo, ele me levantou e me abraçou. Beijou meu pescoço e mordeu meu queixo, deu um sorriso e falou baixinho:
- Não seja precipitada querida, nada precisa ser rápido.Os beijos, mordidas, toques e palavras dele faziam com que meu corpo tivesse reações estranhas. Esse calor que sobe até o pescoço, de onde vem? Na minha cabeça se repetia incessantemente “não seja precipitada querida... não seja precipitada”. Ele me queria isso me confortava e fazia com que eu o quisesse ainda mais. E mesmo sem ter a mínima condição de parar de beijá-lo, eu parei. Respirei fundo, olhei em seus olhos negros, ele sorria.
- Preciso de respostas.
- Relaxe, querida.
Eu estava relaxada, e isso era perigoso demais agora. Todos os músculos do meu corpo estavam relaxados. Haviam pensamentos estranhos, lembranças sem sentido. “É preciso não esquecer e respeitar a violência que temos. As pequenas violências nos salvam das grandes”, onde eu havia lido isso? Por que estava pensando nisso agora?
- Não quero relaxar. Me responda ou pode ir embora.
- Não é isso que você quer.
- É o que estou pedindo. Responda ou vá embora.
- Se eu for, posso não voltar.
- Não me importo. Se for para ficar e não me dar respostas, é melhor não ficar.
O medo estava percorrendo por meu corpo, eu não queria ficar sem ele, não queria perder a única folha dessa árvore da felicidade. Não queria que meu anjo fosse embora. Mas precisava pôr um fim, ou ter respostas.
- Adeus Sally, minha querida.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Parte V

Engraçado como ele apareceu na minha vida. Eu até diria que ele foi um anjo que caiu do céu, mas, pensando bem, anjos não são tão sedutores. Ele pode até parecer um anjo, mas anjos não causam os efeitos que ele causa em mim. Só em chegar perto eu já tremo, meu coração acelera. Seu sorriso me seduz, fico olhando seus dentes brancos, sua boca carnuda. Ah, claro que não é um anjo. Ele é um demônio, o meu demônio.
Qualquer dia desses me deixarei levar pelo desejo de tê-lo. Quero ir com ele, andar na autoestrada para o inferno. Quero ir até o circulo mais profundo do inferno, onde estão os traidores e amotinados, só para passar mais tempo com ele. Quero conhecer Cérberus, o circulo que ele guarda e todo o resto. Não pensarei duas vezes em pegar na mão dele e sentir seu calor, o calor que só o demônio tem. Todo o calor do desejo que emana de sua pele.
Quero passar a mão em seu cabelo, sentir cada fio do mais lindo cabelo cacheado que já existiu. Fazer com que minha mão deslize pelos fios brilhosos de seus cabelos, desça por sua nuca, sentir os músculos de suas costas, sentir seu calor, sentir seus pêlos ficando arrepiados e ver um sorriso malicioso em seu rosto.
Quando fecho os olhos eu consigo ver todos os detalhes do seu corpo, todos aqueles detalhes que eu ignorava enquanto estava olhando para seus olhos. Ah, quantos detalhes! Seu corpo me chama, seu corpo clama pelo meu e eu vou até ele, vou como um cachorrinho. Vou quantas vezes ele me chamar, sem pensar mais de uma unica vez.
Quero tê-lo na realidade, não aguento apenas sonhar de olhos fechados. Enquanto eu penso em tudo isso, ele está parado na minha frente. Que olhar sedutor! Me olha como se me despisse só com os olhos. Ele me quer, e essa é a melhor parte dessa historia.

É pra você que eu vou cantar antes de dormir, e depois que você dormir eu vou ficar te olhando. É com você que eu vou fazer as brincadeiras mais engraçadas. Sorrir quando você der os primeiros passinhos, e quase chorar quando você me acordou falando Titia. Eu vou sorrir, quando você sorrir pra mim. Vou me preocupar quando você cair. Vou tentar ser a melhor da melhor do mundo pra você. Isso porque a titia te ama, ama muito. Ta?

terça-feira, 12 de junho de 2012

É quando eu olho pra meu rosto no espelho, pra o meu corpo, para as minhas roupas e sapatos, percebo que eu não sou mais uma criança indefesa, agora eu sou mulher. Por mais que isso doa dentro de mim, por mais que essa sensação de que o tempo está passando seja estranha, eu tenho que aceitar. Tenho que aceitar que agora existem obrigações, e que se eu não cumpri-las não vai ter minha mãe dizendo que eu sou apenas uma criança, não entendo o que eu estou fazendo.
É quando eu percebo que já se passaram mais de 1 década e meia, e mesmo depois de tanto tempo, eu continuo com os mesmos medos. Com os mesmos planos, com as mesmas vontades. Tudo isso que poderia, e deveria, ser mudado continua igualzinho.
E estando quase enlouquecendo pensando em como aceitar o futuro, como aceitar ser mulher não mais criança, eu não sei como lidar com isso. Não sei como lidar com essa estranha sensação que é necessário crescer por dentro agora.
E mesmo sabendo de tudo isso, e até entendendo tudo isso, eu não consigo crescer. Eu continuo tendo o mesmo medo quando as luzes se apagam. Continuo chorando baixinho atras da porta, pra ninguém ouvir. Continuo sorrindo por bobagens e achando engraçado o modo estranho das coisas. Eu olho pra mim no espelho e vejo a mesma de sempre, aquela menininha que foca em um ponto na parede até os olhos encherem de lágrimas, só pra ter o prazer de sentir a temperatura fria delas descendo pelo cantinho do olho, só para sorrir, fechar os olhos e dormir sentindo uma parte do meu rosto molhada.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Parte IV

Sonhei que morava em uma floresta, dentro de um cogumelo. Era tudo muito normal, até perceber que eu estava no País das maravilhas! Eu era Alice e ele era meu chapeleiro maluco. Me dizia que as melhores pessoas são as loucas, ou será que eu dizia isso? Não sei, mas nós dançamos. Dançamos tango, valsa e outros ritmos e sorriamos um para o outro.
Ele me falava coisas doces e me fazia rir. Me disse que estava com saudade do meu beijo e, então, me beijou. Foi um beijo frio e amargo, mas minha boca estava queimando e doía muito, mas eu não queria estragar o momento e continuava sorrindo pra ele.
Ele continuava me falando coisas doces, mas agora o sorriso dele não existia mais. Então ele arrancou minha orelha, e me falou que eu não poderia saber das coisas doces que ele estava pronto para contar. Eu não conseguia entender, e eu começava a virar um coelho... Mas espera! Eu ainda fazia parte do filme, ele havia acabado, não? E meu lindo chapeleiro se transformava agora na Rainha Vermelha, não estava mais no meu cogumelo e sim no seu castelo. Estava presa e ela me olhava, os olhos eram os mesmos. Negros e opacos. O sorriso também era o mesmo.
Agora ela gritava:
- CORTEM-LHE A CABEÇA! CORTEM-LHE A CABEÇA!
No momento onde cortariam minha cabeça, acordei. Acordei assustada, estava suando frio e minhas mãos tremiam. Olhei pra o lado, e lá estava ele. Me olhando e sorriso. Que dentes brancos!
Me abraçou e disse que tudo ia ficar bem, foi só um sonho ruim. E agora ele estava comigo.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Manhã de domingo

Essa noite eu não dormi, e quando olhei pra o céu nem parecia uma manhã de domingo. Não dava pra ver o sol, o céu estava cheio de nuvens cinzas e carregadas, passei algum tempo olhando pra cima, como se estivesse procurando o sol, e logo depois ignorei esses minutos desperdiçados e continuei minha rotina.
Com o céu assim eu não estava pensando muito em arriscar um passeio com meu cão, mas mesmo assim Scott tentava me convencer a sair com ele... Me olhava como se estivesse implorando para sair. Relutantemente, eu saí com Scott.
Andamos um bom tempo e quando a chuva começou a cair, lentamente, eu disse ao Scott que nosso passeio teria que acabar, que era melhor irmos para casa. De algum modo ele se soltou da coleira e correu enlouquecido por toda a rua. A chuva começou a cair mais forte, e eu estava procurando por aquele cachorro idiota até que aparece alguém. Parou na minha frente e ficou me encarando por alguns minutos, tentei desviar, mas ele parecia estar querendo mesmo falar comigo. Eu encarei ele como se não estivesse assustado e ele começou a falar algo, mas estava falando baixo demais, eu não conseguia entender muito bem. Falava algo sobre cortar, feridas e queimaduras, mas eu não conseguia juntar essas palavras com as coisas que ele estava me dizendo.
Então eu disse que ele precisava falar mais alto, que eu não conseguia entender e que era melhor ser breve, eu tinha que procurar meu cão. Então ele puxou uma tesoura de jardineiro da calça e disse para que eu cortasse. Antes que eu pudesse perguntar o que era para cortar, ele tirou o casaco e eu vi pedaços de asas em suas costas. Estavam queimados e não pareciam asas como aquelas que vemos em filmes e desenhos.
Ele me disse que foi expulso de onde estava e que precisava da minha ajuda agora. Eu peguei a tesoura e cortei, mesmo com ele gritando e seu sangue descendo pelas costas e batendo no cós de sua calça. Quando terminei, pedi licença e comecei a andar, ele me disse que era tudo segredo, que eu não podia contar para as pessoas que ele era um demônio. Mas espera, anjos tem asas, não?!?
Eu me virei e falei pra ele ficar longe de mim, do meu cachorro e da minha casa. Ele sorriu, sorriu como um garoto depois que quebra de propósito a vidraça da janela de uma casa. Sorriso de garoto esperto, garoto danado.
Então falou algo muito baixo, eu que já não estava gostando de estar na chuva, com um anjo/demônio e sem o meu cachorro ignorei aquilo virei as costas e sai. Ele perguntou se eu tinha escutado o que ele tinha dito, eu disse que não, que não queria saber e que estava indo para casa. Então ele sorriu de novo e falou, acho até que repetiu o que tinha me falado antes:
- Agora é tarde para voltar pra um cachorro, uma família e uma casa que nem existe mais.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Sempre tem o dia que você acorda achando o céu lindo e o sol brilhante. No decorrer do dia você fica bem, sorri o dia inteiro e vê mais motivos pra continuar sorrindo. Quando chega a noite você conversa com seus amigos e continua sorrindo. Recebe ligações, escuta música, recebe boas mensagens e tem um dito "Bom dia", mas aí começa o problema. Você olha pra o seu dia, o seu motivo de rir, as piadas e todas as outras coisas que aconteceram e vê que foi um dia de merda, que você não tinha motivos para rir daquelas malditas piadas sem graça e idiotas e que nada do que foi engraçado agora parece ter graça.
Você olha pra o seu passado e pra o que você fez, todas as vontades que deixou pra trás, todos os momentos que você poderia ter escolhido ser melhor e não foi. O que vale estar feliz agora se daqui a dois dias você vai estar odiando seu passado?
A tal felicidade que todos procuram é isso? Momentos em que você ri de coisas idiotas? Ou SÓ PRA MIM a felicidade parece idiotice?

Ideias?

Quando foi que inventaram esse bloqueio mental? Maldita seja a falta de ideias e todas as consequências disso.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Parte III

Acordar... Era a unica solução e o único problema. Para encontra-lo já nem era preciso dormir, conseguia vê-lo nas mínimas coisas, conseguia vê-lo também quando eu fechava os olhos e quando eu os mantinha abertos.
Dessa vez nosso encontro foi no meu quarto... Mas espera, eu estou dormindo? Não importa, agora não importa. Ele me olha, como das outras duas vezes. Seus olhos me seduzem, onde está o brilho desses olhos? E ele vem andando em minha direção, sério e calado. Não lembro das outras vezes, mas nessa ele estava de calças. E agora estava com uma camisa preta.
Parou de frente a mim, seus olhos se fixaram nos meus. Conseguia sentir sua respiração e escutar seu coração batendo, estava acelerado. Ou era o meu coração?
Não sentia o ar quente que dominava meu corpo como havia ocorrido das outras vezes. Ele ficou algum tempo parado, e finalmente sorriu. Um sorriso largo e aconchegante. Seus dentes brancos chamavam minha atenção, mas eu não conseguia quebrar a conexão entre os nossos olhos. Tentei algumas vezes levantar a mão e coloca-la em seu rosto, mas agora meu corpo não me obedecia mais. Ele podia levar minha vida agora, podia fazer com que eu perdesse os sentidos do corpo. Podia me jogar no chão, como qualquer coisa. Eu nem ligava mais.
Ele continuava sorrindo, e algo me dizia que ele estava feliz e, por esse motivo, eu estava feliz também. Ele levantou a mão, passou em meu rosto e então parou de sorrir. No inicio eu tive medo, mas seus olhos continuavam acolhedores.
Ele estava chegando mais perto, e meu coração cada vez mais acelerado. Eu já começava a suar frio, e ele a se aproximar de mim. Comecei a sentir o calor do seu corpo quando ele já estava se aproximando do meu. Sentia sua barriga encostando na minha e lentamente sua mão indo até a minha nuca. E finalmente ele me beijou.
Me beijou calmamente, como se pudesse beijar minha alma. Senti sua boca quente, seu braço passando pela minha cintura e me pressionando contra o corpo dele.
Então, ele me soltou, sorriu, e falou:
- Espero te ver amanhã.
Virou as costas e saiu do quarto. Saiu como se não tivesse deixado marcas, saiu de leve como quem calça meias de lã. Apenas foi embora, e me deixou com o sabor de sua boca na minha por algumas horas.
A saudade é como um soco no estômago.

Duas manhãs

Essa manhã eu acordei e abri a janela. O sol brilhava, mas não sei em qual das duas manhãs. Acho que nessa manhã do lado de fora ele era mais forte do que dentro de mim. Se todos pudessem ver o que eu sinto, talvez entenderiam o lado escuro desse dia, mas até lá, continuarei olhando pra o céu e sorrindo, esse sorriso bobo mesmo, que só assim um pouco de luz passará pelos meus olhos e fará um pouquinho de luz, e sombras, dentro de mim.