Não se conserta o que já nasce com defeito.

terça-feira, 12 de junho de 2012

É quando eu olho pra meu rosto no espelho, pra o meu corpo, para as minhas roupas e sapatos, percebo que eu não sou mais uma criança indefesa, agora eu sou mulher. Por mais que isso doa dentro de mim, por mais que essa sensação de que o tempo está passando seja estranha, eu tenho que aceitar. Tenho que aceitar que agora existem obrigações, e que se eu não cumpri-las não vai ter minha mãe dizendo que eu sou apenas uma criança, não entendo o que eu estou fazendo.
É quando eu percebo que já se passaram mais de 1 década e meia, e mesmo depois de tanto tempo, eu continuo com os mesmos medos. Com os mesmos planos, com as mesmas vontades. Tudo isso que poderia, e deveria, ser mudado continua igualzinho.
E estando quase enlouquecendo pensando em como aceitar o futuro, como aceitar ser mulher não mais criança, eu não sei como lidar com isso. Não sei como lidar com essa estranha sensação que é necessário crescer por dentro agora.
E mesmo sabendo de tudo isso, e até entendendo tudo isso, eu não consigo crescer. Eu continuo tendo o mesmo medo quando as luzes se apagam. Continuo chorando baixinho atras da porta, pra ninguém ouvir. Continuo sorrindo por bobagens e achando engraçado o modo estranho das coisas. Eu olho pra mim no espelho e vejo a mesma de sempre, aquela menininha que foca em um ponto na parede até os olhos encherem de lágrimas, só pra ter o prazer de sentir a temperatura fria delas descendo pelo cantinho do olho, só para sorrir, fechar os olhos e dormir sentindo uma parte do meu rosto molhada.

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