Não se conserta o que já nasce com defeito.

domingo, 28 de outubro de 2012

Tortura

Me ligou de madrugada querendo me ver, não reparou em horas, nem em pudores. Me chamou pra olhar o mar. Ah! Como o mar estava lindo. A luz da lua batia em seu rosto, em seu sorriso, clareava sua expressão de bêbado.
Me perguntou minha idade, conversou sobre como era quando ele tinha minha idade. Me disse que ele sabia guardar segredo, me perguntou se eu sabia também, mas só porque ele era inconsequente. Aí eu entendi o que ele queria de mim, o que ele esperava que acontecesse. Conversamos por algumas horas, e quando já era lá pras 3 da manhã eu disse que precisava ir pra casa. Ele fingiu que nem me ouviu.
- Vamos jogar? - Ele me disse, como quem tivesse tido uma ideia perfeita após um fracasso.
- Jogar o que? Eu preciso ir agora.
- Tortura! Esse é o nome do jogo, as regras só sabe jogando. Se eu te contar sem você jogar, eu terei que matar-lhe.
Confesso que era bem atrativo, mas eu não podia. Não podia jogar qualquer tipo de jogo com ele, qualquer coisa que envolvesse nós dois era proibida. Mas era isso que atraia, era o 'NÃO PODE' que me deixava com vontade de saber, que me deixava curiosa. Ele beijou meu pescoço, e havia começado o jogo.
Eu não podia falar, não podia mover-me. Esse era o jogo. E ele esperava reações, ele esperava que eu quisesse também, mas eu não conseguia, não conseguia querer.
Acabei o tal do jogo, não queria mais jogar. E fui pra casa. Se me arrependi? Até hoje me arrependo; do que? De não ter o beijado quando eu pude, e agora já é tarde demais pra pensar nisso. Agora não tem como voltar atrás.

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