Não se conserta o que já nasce com defeito.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Parte XI

Como explicar esse coração acelerado quando você chega, ou esse desespero quando você sai. Essa alegria sem fim quando você me abraça, ou, esse calor imenso quando você me beija.
Eu não conseguia tirá-lo da cabeça, minha comida havia perdido o sabor, a televisão perdeu as cores, meu violão perdeu o som. A fumaça do meu cigarro desce rasgando minha faringe, laringe, tráquea, até chegar em meus pulmões, a cerveja estava mais amarga que o suportável.
Eu estava apaixonada, completamente, não sei se é trágico ou cômico, mas eu estava. Chegava a ser engraçado, eu estava apaixonada por um completo desconhecido. Um cara que apareceu nos meus sonhos e depois do nada estava interferindo em tudo que eu fazia. Mas era trágico, exatamente por esse mesmo motivo.
Sabe, eu nunca tinha pensado em como seria viver algo assim. Nunca tinha imaginado como seria, e agora eu estou aqui. Deixando acontecer.
O que aconteceu comigo? Logo eu, tão controladora, que precisava fingir paixões (já que eu achava os homens incapazes de me conquistar). Eu estava me derretendo toda por um rapaz qualquer, na verdade, ele nem era um qualquer, mas eu queria que ele fosse.
Por mais estranho que possa parecer, a campainha tocou hoje mais cedo e quando abri a porta era ele. Ele que sempre aparecia nos momentos mais estranhos. Estava com um sorriso, meio que como se estivesse se gabando, mas estava lindo.
- Estava pensando em mim, Sally?
- Não.
- Sei, e o que mais estava fazendo? Não vai me convidar para entrar? - Quando acabou a frase ele já estava no meio da sala.
Fechei a porta, estava sozinha em casa. Sentei no sofá, azul, continuei com os pés no chão, encostei meus cotovelos bem próximos aos meus joelhos.
- Vai ficar aí?
- Espera que eu vá até onde? O que você quer falar comigo?
- Ainda com raiva Sally? Aquilo foi um sonho! Uma coisa que sua mente fértil criou. Você poderia estar bêbada. Olha, eu deixei tudo da minha vida de lado pra vim até aqui e ficar tudo bem contigo, e é assim que você me trata?
- Não deixe sua vida de lado pra vim até aqui, eu nem faço parte dela. Pode ir Johnny, volte pra sua vida. Para os seus amigos. Boa sorte.

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