Não se conserta o que já nasce com defeito.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Pesadelo

E eu  estou caindo, tento me segurar numa ponta de sanidade que vi voando ao meu lado, mas não consegui. Eu tento flutuar, tento voar, tento me segurar em tudo que passa ao meu redor, mas nada funciona. Mas eu é um sonho, eu sei que é um sonho e que eu vou acordar antes de chegar ao chão. Eu nem estou vendo o chão, só vejo a escuridão abaixo de mim, e é talvez disso que eu tenha medo. Tenho medo de cair no vazio, no escuro, no nada. Tenho medo de ser esquecida sozinha na chuva com meu all star vermelho, medo de ninguém reparar que eu estou sorrindo e querendo chamar a atenção de alguém, medo de ninguém reparar que eu só quero um pouco de cada um, só um pouquinho.
Sou uma mendiga de atenção, tento aparecer só um pouco, só o suficiente pra alguém me notar. Alguns até olham, mas parece que o que eles vêem é só uma menina com um sorriso um pouco bobo e joelhos tortos. Mas sou eu que estou lá, clamando a atenção de alguém. Com placas vermelhas escritas "ME OLHEM" e ninguém percebe o meu medo de estar só.
E eu estou caindo. O vazio está começando a me engolir, o escuro começa a aparecer ao meu redor. Alguém me salve, por favor, alguém! Ninguém escuta minha dor. Até que aparece uma mão amiga, uma que pega na minha mão e fala: - Não tenha medo, estamos juntos nessa. E eu acredito que estamos juntos mesmo, acredito que vou me salvar do esquecimento. Mas quando eu estou mais confiando nela, ela me solta e eu caiu. Estou caindo. Cada vez mais rápido, menos sonoro, mais emocionante. Começo a curtir a queda e quando eu menos espero, acordo. Acordo suada e tremendo, atordoada. Eu não estava mais caindo, e deixo escapar um sorriso.

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